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A Coroa Negra

A história da Coroa Negra vem de muito tempo atrás. Descrevendo os grandes mestres, Sangye Lingpa (1340-1396) fala sobre a famosa Coroa Negra dos Karmapas:

 

Um ser supremo que possui a Coroa Negra, o iogue que dominou o Dharma e põe o mundo em bem-aventurança, mantendo a atividade iluminada de Tchenrezi, Dusum Khyenpa [reside] em Tsurphu.

Coroa Negra dos Karmapas

O Tantra Raiz de Manjushri também descreve a Coroa Negra:

No topo de seu fino coque negro azulado aparece o grande [chapéu] negro azulado feito de fios supremos

E adornado com uma jóia grande e luminosa

Este é o ornamento da emanação dos Buddhas

É dito que inúmeras eras antes dessa, o terceiro Buddha, o Sugata Dipamkara, veio a este mundo. Em inúmeras eras prévias a essa, em um lugar ao oeste de Monte Meru, o Rei Yulkhor Kyong (Protetor da Pátria e dos Súditos) tinha um filho. Ele era muito habilidoso em repousar uniformemente em absorção meditativa.

 

Mais tarde conhecido como Drangsong Könpakye (Rishi de Nascimento Raro), ele permaneceu estável em samadhi unifocado por oitocentos mil anos. Quando a realização do samadhi igual ao vajra finalmente surgiu para ele, um milhão e trezentas mil dakinis das dez direções se encheram de graça. Eles se reuniram em um lugar e confeccionaram um chapéu precioso que foi feito do cabelo oferecido por cada uma das dakinis e adornado no topo por um sol e uma lua. Como o surgimento da própria sabedoria primordial, a coroa apareceu naturalmente sobre a cabeça de Drangsong Könpakye.

 

Em sua próxima vida, ele foi Le Pu Drime Karpo (Filho Branco Imaculado dos Deuses), e então Luyang Nyingpo (Coração da Melodia de uma Canção), seguido por Karma Denu, o Brahmin Saraha na Índia, e assim por diante. Durante todas essas encarnações, a coroa da sabedoria apareceu sobre a sua cabeça para todos aqueles que tinham a capacidade de vê-la. Posteriormente no Tibet, do glorioso 1º Karmapa, Dusum Khyenpa, e nas encarnações seguintes do Karmapa, é sabido que essa coroa de sabedoria primordial, que surge naturalmente, apareceu sobre as suas cabeças.

Breve História dos Dezesseis Karmapas

Por Dzogtchen Ponlop Pinpotche

O 1º Karmapa Dusum Khyenpa (1110-1193)

Dusum Khyenpa significa ‘’O Conhecedor dos Três Tempos” (passado, presente e futuro), referindo-se à total lucidez que ele alcançou na iluminação, dando a ele o conhecimento dos três modos do tempo e o “tempo sem tempo” do despertar iluminado. Nascido em uma família de devotados praticantes budistas em Teshö no leste do Tibet, o menino que estava destinado a ser conhecido como o primeiro Karmapa era chamado Guephel. 

Primeiro Karmapa Dusum Khyenpa

No começo, ele estudou com o pai e tornou-se um praticante experiente e com entendimento mesmo quando jovem, continuando sua instrução com outros mestres budistas da região. Já bastante erudito para a idade de vinte anos, ele mudou-se para o Tibet Central, tornou-se um monge e passou os doze anos seguintes ou mais empenhado nos estudos e nas práticas da meditação.

 

Estudou com mestres bem conhecidos da época, como Tchapa Tchökyi Sengue (1109-1169), um grande filósofo e fundador do sistema de debates no Tibet e Patsab Lotsawa Nyima Dragpa (1055-?), que foi um grande mestre da tradição Prasangika Madhyamaka e traduziu muitos textos Madhyamaka para o tibetano. Aos trinta anos de idade, ele recebeu os ensinamentos de Gampopa, o filho do coração do maior iogue da história tibetana, Milarepa. Dusum Khyenpa treinou primeiramente nas práticas básicas da tradição Kadampa e, em seguida, na filosofia geral dos sutras. Esse treinamento na base de todas as tradições budistas estabeleceu um padrão para todos os futuros seguidores Kagyu para demonstrar a importância de estabelecer uma base correta de conhecimento. Isso é verdade até mesmo para os praticantes que se engajarão nas mais poderosas práticas avançadas do Vajrayana. Dusum Khyenpa também recebeu e unificou os ensinamentos da linhagem passada a ele por Retchungpa e outros discípulos de Milarepa.

 

A realização do Karmapa na meditação e nas práticas a ele transmitidas por seus mestres foi grandemente enriquecida por sua própria compaixão natural. Sua prática produziu resultados rápidos e grandes realizações, ou siddhis. Tal realização é freqüentemente percebida pelos seguidores como a habilidade de realizar atividades miraculosas e as lendas dos Karmapas através dos tempos falam de sua habilidade pela manifestação dessa atividade aparentemente milagrosa, para criar um grande sentido de maravilha e fé nos seus discípulos. Todos os Karmapas, desde então, são conhecidos por sua capacidade de inspirar, através de sua simples presença, esse sentido profundo de maravilha e fé na realidade da realização que é a fruição do caminho budista.

 

Em 1164, com 55 anos, Dusum Khyenpa fundou um monastério em Kampo Nenang; cinco anos depois, ele começou o Monastério de Pangphug em Lithang, no leste do Tibet. Mais tarde, com 76 anos, ele estabeleceu uma sede importante em Karma Gön, no leste do Tibet. Em 1189, aos 80 anos, estabeleceu a sua principal sede em Tsurphu, no Vale de Tölung, cujo rio se junta ao Brahmaputra no Tibet central.

 

O 1º Karmapa fez previsões sobre os futuros Karmapas. Particularmente, ele foi o primeiro Karmapa a apresentar uma carta de previsão detalhando sua futura encarnação. Ele a entregou ao seu principal discípulo, Drogön Retchen, que foi escolhido como o próximo detentor da linhagem. Dusum Khyenpa morreu aos 84 anos. Entre seus principais discípulos encontram- se Tag Lungpa, fundador da Tag Lung Kagyu; Tsangpa Gyare, fundador da Drugpa Kagyu e Lama Kadampa Desheg, fundador da linhagem Katog Nyingma.

O 2º Karmapa Karma Pakshi (1204-1283)

Pakshi significa “Grande Mestre,” uma terminologia de origem mongol, indicando um status honorífico especial ou posição conferida pelos imperadores mongóis. Nascido em Kyile Tsagto no leste do Tibet em uma nobre família de iogues, o menino recebeu o nome de Tchözin por Khatche Pantchen. Ele foi um menino prodígio que tinha um vasto entendimento da filosofia e da prática budista antes dos dez anos.  Enquanto viajava para o Tibet central para continuar a sua instrução, ele conheceu Pomdragpa, que havia recebido a completa transmissão Kagyu de Drogön Retchen, o primeiro herdeiro espiritual do Karmapa. Pomdragpa percebeu, através de certas visões muito nítidas, que a criança que ele encontrou era a reencarnação de Dusum Khyenpa, conforme indicado na carta dada a Drogön Retchen.

 

Pomdragpa conferiu ao jovem Karma Pakshi todos os ensinamentos por meio das iniciações tradicionais e passou formalmente a linhagem completa. Desde então, cada jovem Karmapa, apesar do seu conhecimento e realização pré-existentes dos ensinamentos, recebe formalmente todas as transmissões dos ensinamentos de um detentor da linhagem. O 2º Karmapa passou a maior parte da primeira metade de sua vida em retiro de meditação. Além disso, visitou e restaurou os monastérios estabelecidos pelo primeiro Karmapa. Ele é famoso pela introdução do cântico melodioso do Om Mani Peme Hum, o mantra da compaixão do povo tibetano.

 

Com 47 anos, ele partiu em uma viagem de três anos para a China, convidado por Kublai, neto de Genghis Khan. Enquanto estava lá, as histórias tibetanas e chinesas como também as afirmações dos visitantes europeus, registram que o Karmapa efetuou vários milagres espetaculares na corte. Ele também desempenhou um papel importante como pacificador. No entanto, o Karmapa rejeitou uma estadia permanente na corte, o que causou descontentamento a Kublai Khan. Durante os dez anos seguintes, o Karmapa viajou por grande parte da China, Mongólia e Tibet e tornou-se um mestre de grande renome. Ele foi honrado especialmente pelo Munga Khan, o irmão de Kublai, o reinante mongol da época.

 

Depois da morte de Munga, Kublai tornou-se Khan e governou um grande império. No entanto, guardando rancor contra o Karmapa por ele ter rejeitado uma estadia na corte e devido à percepção do Kublai de que o Karmapa tinha dado mais atenção a Munga Khan muitos anos antes, Kublai Khan ordenou a prisão do 2º Karmapa. No entanto, o Karmapa escapou todas as vezes que tentaram capturá-lo

e até matá-lo, apesar das forças esmagadoras mandadas contra ele. Como o Karmapa respondia continuamente com compaixão, o Kublai Khan acabou mudando seu sentimento e arrependeu-se de seus atos contra o Karmapa. Finalmente, ele se aproximou do Karmapa, confessou seus erros e pediu a ele para ensiná-lo.

 

Cumprindo uma visão antiga, o Karmapa voltou ao Tibet e gerenciou a construção de uma estátua do Buddha em Tsurphu com mais de quinze metros de altura. Ao finalizar a estátua, ela ficou levemente inclinada. Em uma das histórias mais conhecidas dos milagres dos Karmapas, diz-se que o Karma Pakshi endireitou a estátua assumindo a sua mesma posição inclinada e quando se endireitou, a estátua também se endireitou. As histórias registram que o 2º Karmapa compôs mais de cem volumes de textos, que foram postos no altar, na biblioteca monástica em Tsurphu. Antes de passar para o parinirvana, ele contou em detalhes o nascimento do próximo Karmapa ao seu principal discípulo, Orgyenpa.

O 3º Karmapa Rangdjung Dorje (1284-1339)

Rangdjung Dorje nasceu numa família de praticantes de tantra da linhagem Nyingma em Ding-Ri Langkor, na província de Tsang do Tibet central. Rangdjung   Dordje sentou ereto com três anos de idade e se autoproclamou o Karmapa. Com cinco anos ele foi se encontrar com Orgyenpa, que estava preparado para a sua visita por causa de um sonho premonitório. Orgyenpa reconheceu a criança como sendo a reencarnação de Karma Pakshi, entregou-lhe a Coroa Negra e todas as posses do segundo Karmapa.

 

Rangdjung Dordje cresceu em Tsurphu, recebendo as transmissões completas das tradições Kagyu e Nyingma. Com 18 anos, recebeu a ordenação monástica preliminar. Depois de um retiro nas encostas do Monte Everest, ele tomou a ordenação completa e ampliou ainda mais os seus estudos numa das grandes sedes da linhagem Kadampa. Não satisfeito com isso, Rangdjung Dordje procurou estudar com os principais eruditos e entendidos em todas as tradições budistas da época. No fim dos seus estudos, ele era um mestre em quase todos os ensinamentos budistas levados da Índia para o Tibet.

 

Particularmente, durante um retiro quando estava com vinte e poucos anos, ele teve ao nascer do sol uma visão de Vimalamitra e depois de Padmasambhava, que se dissolveram nele no ponto entre suas sobrancelhas. Neste momento, ele realizou e recebeu todos os ensinamentos e transmissões dos tantras Dzogtchen da linhagem Nyingma. Ele escreveu muitos volumes de ensinamentos sobre o Dzogtchen e fundou a linhagem Karma Nyingtig. Através da sua maestria dos profundos ensinamentos Nyingmapa de Vimalamitra, ele unificou o Mahamudra Kagyu e o Dzogtchen Nyingma.

 

Com trinta e cinco anos, através de visões recebeu os ensinamentos do Kalachakra e introduziu um sistema revisado de astrologia que permanece até hoje. Chamado Tsur-tsi, ou a tradição Tsurphu de astrologia, ela forma a base de cálculos para o calendário tibetano no sistema Tsurphu. Ele também estudou e dominou a medicina, que é relacionada, em parte, aos estudos astrológicos no sistema tibetano.

 

Durante toda sua vida , Rangdjung Dorje também escreveu muitos tratados, incluindo o universalmente renomado O Profundo Significado Interno (zab mo nang don), um dos mais famoso tratados tibetanos sobre o Vajrayana.

 

O 3º Karmapa estabeleceu muitos monastérios no Tibet e na China. Ele visitou a China em 1332, onde entronizou seu discípulo, o novo imperador Toghon Temur. Mais tarde, Rangdjung Dorje faleceu na China. Diz-se que a sua imagem apareceu na lua, na noite de seu falecimento. Entre os seus muitos discípulos alguns dos principais foram Gyalwa Yungtönpa, que se tornou o próximo detentor da linhagem, Khedrub Dragpa Sengue, Dölpopa, e Yagde Pantchen.

O 4º Karmapa Rolpe Dorje (1340-1383)

O 4º Karmapa nasceu na província de Kongpo, no Tibet central. Diz-se que durante a gravidez, sua mãe ouviu o som do mantra Om Mani Peme Hum vindo de seu ventre e que a criança recitou o mantra assim que nasceu. Com três anos de idade, ele proclamou que era ele o Karmapa. Ainda muito jovem, ele manifestou a habilidade dos Karmapas de efetuar atividades extraordinárias, como ler livros espontaneamente e receber muitos ensinamentos profundos em seus sonhos. Na adolescência, recebeu as transmissões formais das linhagens Kagyu e Nyingma do grande guru Nyingma, Yungtönpa, o herdeiro espiritual do 3º Karmapa. O Imperador Toghon Temur convidou o Karmapa, então com 19 anos, para voltar à China. Ele aceitou e começou uma viagem prolongada, parando em muitos lugares ao longo do caminho para dar ensinamentos. Ele ensinou na China por três anos, fundando muitos templos e monastérios naquele país. Temur foi o último imperador mongol da China. Mais tarde, o imperador seguinte, da dinastia Ming, também convidou o Karmapa mas Rolpe Dordje mandou um lama em seu lugar.

 

Durante sua volta para o Tibet, Rolpe Dorje deu upasaka (ordenação laica) a uma criança muito especial da região de Tsongkha , a quem ele deu o nome de Kunga Nyingpo. Rolpe Dorje previu que essa criança desempenharia um papel importante no Budismo do Tibet. Essa criança tornou-se conhecida como o grande mestre Tsongkhapa, o fundador da escola Guelugpa. Um perfeito poeta, Rolpe Dorje tinha um carinho especial pela poesia indiana e compôs muitas dohas maravilhosas, ou canções de realização, uma forma de composição famosa da linhagem Kagyu. Depois que um dos seus estudantes teve uma visão de uma imagem do Buddha de mais de 91 metros de altura, o 4º Karmapa orientou a pintura de uma enorme thangka do Buddha.

 

Diz-se que o Karmapa traçou o esboço do desenho do Buddha com as pegadas das patas do cavalo que ele montava. O desenho foi medido e traçado num tecido, e depois de trabalhar nele por mais um ano, quinhentos trabalhadores completaram a pintura do Buddha e dos fundadores do Mahayana. Rolpe Dordje passou para o parinirvana no leste do Tibet. Entre seus muitos discípulos, o principal foi Khatchö Wangpo, o 2º Shamar Rinpotche, que se tornou o próximo detentor da linhagem.

O 5º Karmapa Deshin Shegpa (1384-1415)

O 5º Karmapa nasceu na região de Nyang Dam, ao sul do Tibet, de pais iogues. Durante a gravidez, eles ouviram a recitação do alfabeto sânscrito e o mantra Om Ah Hum. Logo depois do nascimento, a criança sentou-se, limpou o rosto e disse: “Eu sou o Karmapa. Om Mani Peme Hum Hri.” Quando levaram a criança a Tsawa Phu em Kongpo, Khatchö Wangpo a reconheceu imediatamente como a encarnação de Rolpe Dordje e lhe deu a Coroa Negra e outras possessões pertencentes ao 4º Karmapa. Ele deu ao Karmapa o ciclo completo dos ensinamentos Kagyu e o Karmapa logo completou seu treinamento tradicional.

 

Depois que o imperador da China, Yung Lo, teve uma visão do Karmapa como Tchenrezi, Deshin Shegpa recebeu um convite para visitar a China. Com 23 anos, ele começou uma viagem de três anos para alcançar o palácio imperial. Yung Lo foi um discípulo extraordinariamente devotado do Karmapa a quem tomou como guru. Os registros chineses falam da manifestação do Karmapa em resposta a tal devoção com cem dias de milagres. O Imperador registrou esses feitos para a posteridade com pinturas em seda com comentários em vários idiomas. Seguindo os passos dos dois Karmapas anteriores, Deshin Shegpa subseqüentemente fez uma peregrinação às famosas montanhas sagradas de Wu Tai Shan, para visitar os seus monastérios. O imperador obteve alguma realização e teve uma visão na qual ele viu a coroa vajra de sabedoria na cabeça do Karmapa. Para que todos os seres pudessem se beneficiar vendo algo desse aspecto transcendente do Karmapa, o imperador patrocinou a criação de uma réplica física da coroa vajra de sabedoria, a qual ele viu como uma coroa negra. Ele a presenteou ao seu guru, solicitando que liberasse todos os que o vissem usando a coroa em ocasiões especiais. Esse foi o começo da cerimônia da Coroa Negra. O imperador também ofereceu ao Karmapa o título de posição mais alta.

 

Em 1410, Deshin Shegpa retornou a Tsurphu para dirigir a sua reconstrução, já que o monastério sofreu danos durante um terremoto. Ele reconheceu a reencarnação de Shamar Tchöpal Yeshe e passou três anos em um retiro contemplativo. Porém, o próximo detentor da linhagem foi Ratnabhadra, um discípulo do Karmapa. Sabendo que morreria ainda jovem, o Karmapa deixou indicações de seu futuro renascimento e passou ao parinirvana com 31 anos. Na fogueira da sua cremação foram encontradas muitas relíquias, imagens de Buddhas formadas naturalmente.

O 6º Karmapa Thongwa Dönden (1416-1453)

O 6º Karmapa nasceu em Nhomtö Shakyam, perto de Karma Gön, no leste do Tibet, de uma família de iogues devotos. Logo após seu nascimento, enquanto sua mãe o carregava, repentinamente ele ficou excitado quando cruzaram o caminho de Nhompa Tchadral, um discípulo do 5º Karmapa. Nhompa Tchadral perguntou o nome da criança que sorriu e respondeu: “Eu sou o Karmapa.” Nhompa Tchadral cuidou da criança por sete meses e, depois, levou-a a Karma Gön. O jovem Thongwa Dönden imediatamente começou a ensinar. Shamar Tchöpal Yeshe foi a Karma Gön durante esse período para coroar o Karmapa. Thongwa Dönden recebeu ensinamentos e transmissões da linhagem Kagyu de Shamar Tchöpal Yeshe, Djamyang Dragpa e Khentchen Nyephuwa. Particularmente, ele recebeu a transmissão completa da linhagem de Ratnabhadra, que foi seu mestre principal.

 

Muito jovem, ele começou a compor muitos rituais tântricos, estabelecendo eventualmente um corpo de liturgias para a linhagem Kamtsang. Ele também reuniu as linhagens Shangpa Kagyu e Shidje (os ensinamentos de Tchö, que cortam o ego) dentro das principais transmissões da linhagem Kagyu. Ele dedicou sua atividade à composição, aos ensinamentos, à restauração de muitos monastérios no Tibet, à publicação de livros e ao fortalecimento da Sangha. Começou a desenvolver a shedra (a universidade monástica) no sistema da linhagem Karma Kagyu. Sabendo que morreria jovem, ele entrou em retiro e passou a regência para o 1º Gyaltsab, Goshri Paldjor Döndrub, indicando onde renasceria. O principal herdeiro espiritual do 6º Karmapa foi Bengar Djampal Zangpo, autor da “Súplica da Linhagem Mahamudra”. Essa renomada prece da linhagem Kagyu representa a espontânea expressão na sua realização do Mahamudra. Thongwa Dönden passou para o parinirvana no ano de 1453 com 38 anos de idade.

O 7º Karmapa Tchödrag Gyamtso (1454-1506)

O 7º Karmapa nasceu numa família de praticantes tântricos em Tchida, no norte do Tibet e disse “Ama-la” (mãe) enquanto ainda estava no ventre. Ao nascer, ele recitou o mantra Ah Hum, que simboliza o absoluto (vacuidade-luminosidade). Com cinco meses, ele disse: “Nada há neste mundo exceto a vacuidade”. Quando tinha nove meses, seus pais o levaram a Goshri Gyaltsab Rinpotche, que o reconheceu como o 7º Karmapa de acordo com a carta de instruções deixada pelo 6º Karmapa, Thongwa Dönden. Com quatro anos, ele recebeu uma série de iniciações de Goshri Paldjor Döndrup e aos oito, recebeu os ensinamentos Kagyu de Bengar Djampal Zangpo e Goshri Paldjor Döndrub em Karma Gön.

 

Tchödrag Gyamtso dedicou grande parte de sua vida fazendo retiros. Ele também foi um erudito extremamente bem-sucedido que escreveu muitos textos, como, por exemplo, o comentário sobre o Abhisamayalamkara denominado “A Lâmpada dos Três Mundos”. Seu mais famoso texto de muitos volumes é “O Oceano da Lógica” que é seu comentário sobre a literatura pramana. O Karmapa formalmente estabeleceu universidades monásticas em Tsurphu e outros lugares. Restaurou também uma grande estátua de Buddha que Karma Pakshi mandou fazer em Tsurphu. Como um ativista, ele mediou disputas, trabalhou para proteger os animais, iniciou a construção de pontes e mandou ouro para Bodh Gaya para folhear de ouro a estátua do Buddha no local da iluminação de Buddha. Ele também convenceu um grande número de pessoas a recitar milhões de mantras Om Mani Peme Hum como uma cura para todos os males. Antes de passar ao parinirvana com 53 anos, ele providenciou os detalhes da sua próxima reencarnação e passou a linhagem para o Tai Situ Tashi Paldjor.

O 8º Karmapa Mikyö Dorje (1507-1554)

O 8º Karmapa nasceu em uma pequena aldeia chamada Satam, na região de Kartiphug de Nhomtchu, no leste do Tibet em uma família de iogues devotos. Diz-se que ele falou as palavras: “Eu sou o Karmapa” ao nascer. Ouvindo esse relato, Tai Situpa confirmou a criança como sendo o novo Karmapa. Durante os anos seguintes ele permaneceu em Karma Gön. Quando tinha cinco anos, uma outra criança de Amdo foi apresentada como o Karmapa. O regente do Karmapa, Gyaltsab Rinpotche, saiu de Tsurphu para investigar as duas crianças. No entanto, quando encontrou Mikyö Dorje, ele viu-se espontaneamente prostrando-se e soube que ele era o verdadeiro Karmapa.

 

Juntamente com Goshri Gyaltsab Rinpotche, Tai Situ Rinpotche e outros discípulos do Karmapa anterior, criaram um teste ao qual a criança não somente passou, mas também do qual ouviram anunciar: “E maho! Não tenham dúvidas, eu sou o Karmapa”. Gyaltsab Rinpotche o entronizou no ano seguinte quando fez seis anos de idade. Mikyö Dordje estudou com Sangye Nyenpa Tashi Paldjor, Dulmo Tashi Öser, Dagpo Tashi Namgyal e Karma Trinlepa. Recebeu os ensinamentos essenciais da linhagem Kagyu de Sangye Nyenpa Tashi Paldjor. Ainda muito jovem, o Karmapa declinou um convite para visitar a China, baseado em que o imperador morreria antes da sua chegada, uma previsão que foi confirmada.

 

Mikyö Dordje foi um dos Karmapas mais renomados, um grande mestre de meditação assim como um erudito bem instruído e prolífico, autor de mais de trinta volumes de trabalho, incluindo comentários importantes sobre os tratados sutrayana e instruções-chaves sobre os tantras. O 8º Karmapa foi também um artista visionário, a quem devemos o estilo Karma Gadri—uma das maiores escolas de pintura de thangkas. Ele também compôs muitas sadhanas, liturgias de práticas e outras práticas devocionais para a escola Karma Kagyu. Através de muitas visões, incluindo uma do Buddha Dipamkara, o 8º Karmapa percebeu que as manifestações do Karmapa e do Guru Rinpotche são inseparáveis.

 

O Guru Rinpotche é considerado um dos modos no qual um Buddha realiza atividades iluminadas. De acordo com a cosmologia budista, haverá mil Buddhas em nosso universo; tanto o Karmapa quanto o Guru Rinpotche são vistos como sendo o aspecto da atividade de todos eles. Prevendo sua passagem iminente, Mikyö Dordje confiou uma carta de previsão ao Shamar Köntchog Yenlag e entrou em parinirvana com a idade de 47 anos. Entre seus muitos discípulos, os principais foram Shamar Köntchog Yenlag e Pawo Tsulag Trengwa. Sua carta de previsão dizia: “Na minha próxima vida, nascerei como um glorioso, um senhor do mundo auto-surgido (Wangtchug). Nas altas regiões nevadas de Treshö ao leste, um lugar onde existe o som da água e o Dharma é ouvido. Eu tenho visto os sinais de que não vai demorar muito para eu lá renascer.

O 9º Karmapa Wangtchug Dorje (1556-1603)

Como previsto pelo 8º Karmapa, o 9º nasceu na região de Treshö no leste do Tibet. Ele foi ouvido recitando mantras no ventre durante a gravidez e sentouse com as pernas cruzadas por três dias logo após o nascimento e declarou que era o Karmapa. De acordo com a carta de previsão deixada pelo 8º Karmapa, ele foi logo reconhecido pelo Tai Situpa Tchökyi Gotcha, que estava por perto, e pelo Shamarpa Köntchog Yenlag. Um ano depois, Shamarpa o entronizou com a idade de 6 anos e lhe deu ensinamentos extensivos.

 

Após Wangtchug Dordje ter recebido a completa transmissão Kagyu, ele começou a ensinar por todo Tibet, viajando em um acampamento monástico, que rigorosamente enfatizava a prática da meditação. Wangtchug Dordje não visitou a China, mas fez viagens importantes para a Mongólia e Butão. Ele deu muitos ensinamentos e restaurou monastérios e templos onde quer que ele fosse. O 9º Karmapa também recebeu um convite para visitar o Sikkim e sob sua direção lá foram estabelecidos três monastérios: Rumtek, Phodong e Ralang. Do Tibet mesmo, o Karmapa os abençoou e consagrou. Rumtek subseqüentemente tornou-se a sede do Karmapa na Índia no início dos anos 60.

 

Assim como o 8º Karmapa, Wangtchug Dorje também foi um autor criativo e escreveu muitos comentários resumidos sobre os sutras e tantras, incluindo três tratados de Mahamudra: O Oceano do Significado Definitivo, Dispersando a Escuridão da Ignorância e Apontando o Dharmakaya. Esses três trabalhos têm desempenhado um papel importante no ensinamento e na transmissão do Mahamudra. Com 48 anos, Wangtchug Dordje passou ao parinirvana, deixando sua carta de previsão, junto com instruções sobre sua próxima encarnação, com o Shamarpa, Tchökyi Wangtchug.

O 10º Karmapa Tchöying Dorje (1604-1674)

como previsto, o 10º Karmapa nasceu na região de Golog, um local longínquo no nordeste do Tibet. Ele foi reconhecido e entronizado por Shamar Tchökyi Wangtchug, de quem recebeu a completa transmissão Kagyu. Com 6 anos já pintava melhor que seus professores, sendo também um talentoso escultor. Tchöying Dordje anteviu as guerras e a rivalidade política que estavam por vir, percebendo que certos interesses políticos no Tibet iriam arrolar o exército Mongol na causa Guelugpa. Sabendo que ele seria forçado a deixar o Tibet central por causa da rivalidade política, o 10º Karmapa doou a maior parte de sua riqueza para os pobres e nomeou Goshri Gyaltsab como seu regente.

 

Os exércitos Mongóis de Gushri Khan atacaram Shigatse e continuaram atacando grande parte do Tibet, causando destruição considerável por todo o país e eventualmente devastando o acampamento do Karmapa. Tchöying Dorje foi forçado a deixar a área. Com um atendente, ele viajou pelo Tibet e depois passou mais de três anos morando na região selvagem do Butão. Mais tarde, viajaram para o que hoje é o norte de Yunnam, Burma e Nepal. Como sempre, onde quer que o Karmapa fosse, ele promovia o Dharma e era capaz de estabelecer vários monastérios pela sua rota.

 

Uns vinte anos se passaram antes que ele pudesse voltar para a sua terra natal. Ele reconheceu a encarnação Shamar Yeshe Nyingpo, Goshri Gyaltsab e Pawo Rinpotche, e transmitiu os ensinamentos Kagyu. Shamarpa tornou-se seu principal herdeiro espiritual. Aos 71 anos, Tchöying Dorje passou para o parinirvana, deixando instruções e uma carta de previsão. Goshri Gyaltsab Norbu Zangpo tornou-se seu regente em Tsurphu. Nessa época, o cenário político no Tibet havia mudado para melhor. Nhawang Lozang Gyamtso, o 5º Dalai Lama, havia se tornado o governante oficial do Tibet e esse papel dos Dalai Lamas continuaria a ser preenchido por suas encarnações sucessivas.

O 11º Karmapa Yeshe Dorje (1676-1702)

Yeshe Dorje nasceu em uma família de devotados budistas na região de Meshö no leste do Tibet. Shamar Yeshe Nyingpo e Gyaltsab Norbu Zangpo reconheceram-no como sendo o próximo Karmapa, de acordo com as instruções do 10º Karmapa. Yeshe Dorje foi para o Tibet central e foi entronizado no Monastério de Tsurphu. Yeshe Dorje recebeu os ensinamentos e as transmissões da linhagem Mahamudra de Shamarpa. Ele também recebeu os ensinamentos de termas, que são os ensinamentos escondidos de Padmasambhava, de Yongue Mingyur Dorje e Tagsham Nuden Dordje. Isso tornou real a profecia de Padmasambhava de que o décimo primeiro Karmapa viria a ser o detentor de algumas linhagens de terma. Yeshe Dorje foi um grande visionário que realizou muitos milagres.

 

Yeshe Dorje também localizou e identificou o 8º Shamarpa, Paltchen Tchökyi Döndrub, que se tornou seu estudante mais próximo e o próximo detentor da linhagem. Contudo, ele se tornaria o Karmapa com a vida mais curta. Durante sua preciosa, mas breve existência, ele mesclou os ensinamentos Kagyu e Nyingma. Ele passou para o parinirvana depois de deixar um cartadetalhada com Shamar Paltchen Tchökyi Döndrub em relação à sua próxima encarnação.

O 12º Karmapa Tchangtchub Dorje (1703-1732)

Como previsto pelo seu antecessor, o 12º Karmapa nasceu em Kyile Tsagtor na Província de Dergue no leste do Tibet. Tchökyi Döndrub mandou um grupo de busca e seus enviados levaram a criança para Karma Gön, onde o Shamarpa a encontrou e a reconheceu de acordo com as instruções e previsões do Karmapa anterior.   O jovem Karmapa estudou sob os cuidados de vários mestres ilustres. Ele deu profundos ensinamentos Kagyu a um famoso mestre Nyingma do Monastério Kathog que em troca compartilhou seus ensinamentos Nyingma. Tchangtchub Dorje em uma peregrinação para a Índia e o Nepal, acompanhado pelo Shamar, Situ e Gyaltsab Rinpotches, deixou um Tibet problemático. Ele foi especialmente honrado pelo Rei do Nepal, que o reconheceu como sendo responsável por interromper uma grande epidemia e fazer chover, terminando com uma séria seca. Na Índia, eles visitaram os lugares sagrados do Lorde Buddha.

 

Depois que o Karmapa retornou para o Tibet, ele aceitou um convite para a China e partiu para aquele país acompanhado pelo Shamarpa. Contudo, prevendo tempos políticos difíceis e percebendo a necessidade de deixar o seu corpo, o Karmapa mandou uma carta ao 8º Tai Situpa com detalhes sobre sua próxima encarnação e, então, sucumbiu à varíola assim como o Shamarpa sucumbiu dois dias depois. Tai Situpa se tornou seu herdeiro espiritual.

O 13º Karmapa Dudul Dorje (1733-1797)

De acordo com a previsão, o 13º Karmapa nasceu em Nyen Tchawatrong no sul do Tibet. Encontrado por Tai Situpa Tchökyi Djungne, a criança foi levada para Tsurphu. Ele foi reconhecido com quatro anos de idade e entronizado por Goshri Gyaltsab Rinpotche. Aos oito anos, o Karmapa recebeu a completa transmissão e os ensinamentos da linhagem Kagyu de seu principal guru, Tai Situpa. Ele também estudou com muitos grandes mestres daquele tempo da linhagem Kagyu e Nyingma, como Kathog Rigdzin Tsewang Norbu, Kagyu Trinle Shingta, Pawo Tsulag Gawa e outros. Em um momento, o famoso Templo Djokhang, lar da estátua Djowo, foi ameaçado por enchentes.

 

Uma profecia de Guru Rinpotche havia previsto essas enchentes e predisse que somente o Karmapa poderia fazer algo para impedí-las. Cientes dessa profecia, as autoridades de Lhasa solicitaram que ele viesse. Incapaz de deixar Tsurphu imediatamente, ele resolveu o problema escrevendo uma carta especial de benção e invocando a compaixão de Tchenrezi. Mais tarde, quando ele pôde ir a Lassa, o 13º Karmapa ofereceu um katha para a imagem de Djowo e dizse que os braços da estátua mudaram sua posição para aceitá-la e permaneceram dessa maneira desde então.

 

Dudul Dordje também foi solicitado a consagrar um monastério distante. Permanecendo em Tsurphu, ele lançou grãos de bênçãos no ar no momento apropriado da cerimônia de consagração. Eles foram vistos caindo dos céus no monastério a vários quilômetros de distância. Dudul Dordje e Tai Situpa junto com Kathog Rigdzin Tsewang Norbu reconheceram a reencarnação do Shamarpa, Tchödrub Gyamtso, o irmão mais novo do 4º Pantchen Lama, Palden Yeshe. O 13º Karmapa passou para o parinirvana, deixando para trás uma carta detalhada de previsão e instruções sobre sua próxima encarnação. Situpa Pema Nyindje tornou-se seu herdeiro espiritual.

O 14º Karmapa Thegtchog Dorje (1798-1868)

O 14º Karmapa viveu com muita simplicidade e personificou o monge ideal. Ele era dotado em poesia e dialética e participou do movimento rime (não-sectário), em que muitos eruditos conhecidos mostravam grande interesse nos ensinamentos e tradições um do outro. Essa troca era especialmente intensa entre as tradições Kagyu e Nyingma, com o Karmapa passando os ensinamentos para Djamgön Kongtrul Rinpotche. Thegtchog Dorje recebeu alguns tantras do visionário revelador de tesouros Nyingma Tchogyur Lingpa e esses rituais foram subseqüentemente introduzidos ao calendário de Tsurphu.

 

Tchogyur Lingpa teve visões importantes de futuros Karmapas até o 21º, que foram registradas e depois preservadas em uma thangka. O herdeiro espiritual do 14º Karmapa foi o grande mestre não-sectário e autor prolífico Djamgön Kongtrul Lodrö Thaye. Thegtchog Dorje ensinou amplamente no Tibet e reconheceu o 10º Situpa, Pema Kunzang. Thegtchog Dorje passou ao parinirvana com 71 anos, deixando instruções detalhadas sobre a sua próxima encarnação.

O 15º Karmapa Kakhyab Dorje (1871-1922)

Nascido com um auspicioso círculo de cabelos entre as sobrancelhas (encontrada no jovem Shakyamuni e conhecido como sendo uma das trinta e duas marcas de um ser iluminado), Khakhyab Dorje recitou o mantra de Tchenrezi ao nascer na aldeia de Shekar, na província de Tsang no Tibet central. Ele foi reconhecido e entronizado pelos líderes principais do movimento não-sectário do século XIX no Tibet: Khyabgön Drugtchen e Migyur Wanggi Gyalpo, junto a Djamgön Kongtrul, Djamyang Khyentse Wangpo, Tertchen Tchogyur Lingpa e Pawo Tsulag Nyindje.

 

Ele recebeu uma educação muito completa de grandes eruditos e, eventualmente, recebeu a transmissão Kagyu de Djamgön Kongtrul Lodrö Thaye, que também lhe transmitiu a essência das suas cem composições abrangendo os ensinamentos perfeitos de todas as tradições tibetanas, assim como os campos de medicina, arte, lingüística e estudos budistas em geral.

 

O 15º Karmapa estudou com muitos grandes mestres, como Khentchen Tashi Özer. Continuou suas atividades de ensino, deu iniciações por todo o Tibet e preservou muitos textos raros, reimprimindo-os. Khakhyab Dorje foi o primeiro na linha dos Karmapas que se casou e teve três filhos. Um deles foi reconhecido como sendo o 2º Djamgön Kongtrul, Palden Khyentse Özer. Ele foi um exemplo brilhante de bodhisattva com o desejo insaciável pelo conhecimento para beneficiar os seres. Entre seus muitos discípulos, os mais próximos foram Tai Situ Pema Wangtchog Gyalpo, Djamgön Kongtrul Palden Khyentse Özer e Beru Khyentse Lodrö Mize Djampe Gotcha. Alguns anos antes de sua passagem para o parinirvana, ele confiou uma carta de previsão ao seu mais próximo atendente.

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