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Mulheres Notáveis do Budismo II

Mulheres notáveis do Budismo no Tibete:


A estrutura da sociedade tibetana, provavelmente não permitiu à mulher igualdade perante aos homens na prática do dharma. Contudo, as portas não estavam fechadas para as mulheres. Muitos monastérios em todo território tibetano eram de monjas, e muitas mulheres tornaram-se famosas por sua realização. Vamos dar uma olhada em alguns desses nomes que foram preservados na história.




Princesa Wencheng

AS DUAS ESPOSAS DE SONGTSEN GAMPO - Desde os tempos primevos da introdução do budismo no Tibete, as mulheres ocuparam um lugar importante. O rei Songtsen Gampo, que reinou na época em que o budismo foi implantado na Terra das Neves, tinha duas esposas. A profunda fé e realização delas eram impressionantes, ao ponto que essas mulheres são, as vezes, consideradas como emanações de Tara.


Bhrikuti Devi

A primeira esposa, Kunsho (Wencheng), era uma princesa chinesa que trouxe consigo, como dote, a venerada e sagrada estátua de Buddha, atualmente abrigada no Jokhang em Lhasa, a qual todos os tibetanos chamam simplesmente de Jowo, o "Senhor".


A segunda esposa, a princesa nepalesa Tritsun (Bhrikuti Devi), também trouxe consigo uma estátua do Buddha Akshobya, que fica em um outro templo em Lhasa, o Ramoche.


Ambas construíram muitos templos e apoiaram vigorosamente o desenvolvimento do budismo.




YESHE TSOGYAL - Yeshe Tsogyal, que é vista como uma emanação da divindade Vajravarahi (Dorje Phagmo), viveu entre o século VIII e IX da nossa era. Quando nasceu, o pequeno lago próximo à casa de seus pais aumentou. Este evento pareceu muito auspicioso e foi dada à criança o nome de Tsogyal, "rainha do lago".



Sua beleza dominou por completo seus pretendentes, que eles se prepararam para um conflito armado para obter sua mão. Para evitar um banho de sangue inútil, o rei Trisong Deutsen decidiu tomá-la como uma das suas esposas.


Mais tarde, para mostrar devoção a um dos principais responsáveis pela introdução do budismo tântrico no Tibete, o rei a ofereceu a Padmasambhava. Ela se tornou sua principal consorte mística e, sem dúvida, sua principal discípula.

Seguindo suas instruções ela passou muitos anos praticando em grutas no Kham, Butão e Nepal, encarando dificuldades extenuantes até obter a mais elevada realização.


Dotada com uma memória extraordinaria, Yeshe Tsogyal lembrava de todas as palavras de seu mestre. Para o benefício das gerações futuras ela as registrou e escondeu na forma de tesouros (terma em tibetano) com a intenção que fossem redescobertas mais tarde por seres predestinados.


Depois que Padmasambhava deixou o Tibete, diz-se que ela permaneceu 200 anos na Terra das Neves para continuar a guiar os discípulos. No fim de sua vida, sem deixar restos mortais, ela se juntou ao seu professor em sua terra pura, A Montanha Cor de Cobre.


Entre as discípulas de Padmasambhava, é mencionado que 25 delas obtiveram corpo de arco-íris, isso é, não deixaram nenhum resto mortal, seus corpos dissolveram-se em arco-íris.




MACHIG LABDRON - Machig Labdron nasceu em 1062 sob circunstancias extraordinariamente auspiciosas. Fora o fato que a criança tinha um terceiro olho na testa e na sua língua uma sílaba HRI vermelha, ela nasceu em meio a arco-íris, música celestial e perfumes maravilhosos. Imediatamente após o nascimento ela ficou de pé e perguntou à sua mãe se ela tinha sofrido muito dando a luz. Por isso é compreensível o porque de Machig Labdron foi considerada rapidamente como um ser extraordinário, uma emanação da Grande Mãe (Prajnaparamita) e da divindade Vajravarahi (Dorje Phagmo)



Desde tenra idade ela demonstrou capacidades extraordinárias. Ela podia ler textos muito longos da Prajnaparamita (a perfeição da sabedoria, mostrando a natureza última dos fenômenos) mais rápido do qualquer outra pessoa. Ela também podia explicar o seu significado mesmo para os grandes eruditos, os quais ficaram maravilhados com sua sabedoria.


Sua sabedoria não era limitada ao intelecto, mas ela também realizou a ausência do EU. Consequentemente isso causou muitas mudanças em sua vida. Ela abandonou as belas roupas que ela gostava e se vestiu como uma mendiga. Começou a apreciar a companhia dos leprosos e pobres tanto quanto a dos eruditos e meditadores. Ela não dava importância para a qualidade das acomodações nem para o sabor das comidas. Não se importava com elogios ou críticas e permanecia em um estado de constante felicidade.


Ela caso-se com o mestre indiano Thopa Bhadra, como quem teve vários filhos, e recebeu muitos ensinamentos de outro grande mestre indiano de nome Padampa Sangye.


Machig Labdron também é famosa por ter composto e ensinado uma prática de meditação - Tchod - conectada com o Prajnaparamita, que é vista como a única prática de origem tibetana, enquanto as outras práticas foram transmitidas da India. Essa iniciativa pareceu suspeita aos budistas indianos. Eles se reuniram em Bodhgaya para discutir esse caso e mandaram três mensageiros ao Tibete para avaliar Machig Labdron. Ela foi capaz de dar-lhes provas o bastante da realização e vidas passadas dela para convencê-los da autenticidade da prática do Tchod.


Machig Labdron viveu até a idade de 99 anos e teve entre seus muitos discípulos quatro mulheres particularmente notáveis, que são chamadas de as Quatro Mulheres Joia: Gotsa Joia, Palden Joia, Sonam Joia e Rinchen Joia. Ao todo Machig teve 108 discípulas que atingiram a realização.


Donyo Samdrub, o bisneto de Machig, que foi ele próprio um grande mestre, ajudou 18 de suas discípulas, chamadas as 18 filhas, a atingir a realização.


Na vida de Milarepa, o grande yogi da Terra das Neves, nós encontramos um grande número de mulheres que atingiram a realização, tal como sua irmã Peta, a jovem Paldar Bum, Sale O, Lekshe Bum e Rechungma. Essas últimas quatro, conhecidas como as quatro irmãs, que atingiram os corpos de arco-íris.


Em todas as escolas do budismo tibetano, Nyingma, Sakya, Kagyu e Guelug, várias mulheres se evidenciaram pelas profundas realizações espirituais, mesmo que na História não haja registro de sues nomes. Suas posições igualam-se a dos homens. Elas podiam ensinar, dar empoderamentos e exercer todas as atividades do dharma.






Trecho do Livro "Tara - The Feminine Divine", de Bokar Rinpoche. ClearPoint Press, 1999, Canada.

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