Seja o que for que eu sabia, farei meu melhor para transmitir a vocês, se as receberem alegremente nossas mentes farão, então, uma conexão. O que realmente tenho para transmitir a vocês é a bênção da linhagem, e uma vez que sou um seguidor da linhagem Kagyu, será a bênção desta tradição. Não são apenas as palavras que vocês devem receber, mas a bênção em conjunto com instrução oral que pode produzir um efeito profundo. Com minha habilidade limitada, farei o melhor que puder. Direi o que vier à minha mente e através dos tradutores, meu discurso chegará até vocês. Uma vez que são sensíveis e demonstram um vívido interesse, pode vir a ser benéfico.
O Dharma não é uma coisa que nos afeta imediatamente. Quando estamos com fome, comemos e ficamos satisfeitos de imediato. Também não se leva tanto tempo para construir uma casa. Mas é difícil sentir um benefício imediato logo após aprender sobre o Dharma, porque o Dharma depende de um processo e precisamos nos familiarizar com ele. Conforme nossa mente é direcionada para o Dharma, nossa maneira de pensar mudará com o tempo. Quando nosso pensamento mudar, nossa vida também se transformará. É possível que nossa vida possa tornar-se tanto boa para nós mesmos quanto útil para os outros.
No mundo de hoje a tecnologia está se desenvolvendo em um ritmo muito rápido. Se olharmos para sua natureza, descobriremos que a tecnologia é um fenômeno neutro: pode provocar benefícios e pode provocar danos. Quer se torne um ou outro não depende da tecnologia, mas das pessoas que fazem uso dela. Quais são suas motivações? Como irão usar aquilo que criaram? Quando dizemos que o uso da tecnologia depende das pessoas, isso significa que, seja alguém jovem ou velho, famoso ou desconhecido, com um desejo de ajudar os outros, qualquer coisa que façam produzirá benefício.
Nos tempos antigos, pessoas protegeram a paz e segurança enquanto outras lutaram por liberdade ou protegeram os direitos humanos; todos foram considerados heróis. Era como se algumas pessoas fossem especiais e agora não é assim. Em nossa era de comunicação global, todo mundo têm a responsabilidade e todo mundo pode tornar-se um herói que defende a paz, liberdade e bem-estar. Se a questão for "Quem é o herói?" a resposta é "Ele é, ela é, você é – todos são".
Nos dias de hoje o progresso é feito através de avanços materiais, industriais e técnicos, o que é muito bom. Não há nada de errado com eles. Não poderíamos pará-los mesmo se quiséssemos e seria errado tentar. Temos que progredir. Mas junto disso precisamos nos responsabilizar, porque problemas acompanham o progresso e precisamos enfrentá-los. Se não estamos preparados para fazê-lo, o progresso fugirá de nós. Os problemas inevitáveis surgirão, mas não iremos dar atenção a eles e perder ponto de vista que sabe da importância de agir. Existe um grande perigo de que o mundo possa estar se aproximando da destruição. Se isso realmente vai acontecer ou não depende de todos nós, não apenas alguns. Não importa quem sejamos, se possuímos uma motivação positiva e discernimento, podemos assumir essa responsabilidade e ver que nossas boas intenções são realizadas. Podemos viver em um canto remoto do mundo, mas o que estamos fazendo é para o mundo todo. Em nosso coração sentimos amor e compaixão por todos os seres sencientes e pretendemos fazer alguma coisa que seja benéfica para eles.
De início, purificamos a nós mesmos da mesma maneira que o ouro é refinado. Quando um pedaço de minério de ouro primeiro é retirado do chão, não se parece com um metal precioso porque está misturado com impurezas. Quando estas são removidas, a essência do minério, puro ouro, aparece. Na mesma maneira, dentro de nossa mente existe muito do que é benéfico e muito do que é danoso também. Nosso trabalho é limpar o impuro e danoso e tirar o puro e benéfico. Então, quando este ouro puro da nossa mente for revelado, seremos realmente capazes de ajudar o mundo.
* Trecho do livro Percorrendo o Caminho da Compaixão (Travelling the Path of Compassion), do XVII Karmapa Ogyen Trinley Dorje, KTD Publisher.
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