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O Poder da Confissão - O Sutra dos Três Montes


O Sutra dos Três Montes é também chamado de A Confissão de Falhas aos Trinta e Cinco Buddhas. Por incontáveis éons, tomamos diferentes corpos e renascimentos em inúmeros reinos. E temos tanto karma e obscurecimentos acumulados destas vidas que, se juntarmos todos em um volume, o espaço inteiro não seria grande o suficiente para contê-los.


Agora, entre estes karmas, alguns definitivamente amadurecerão e alguns definitivamente não. Há vários tipos. De acordo com a tradição do veículo da fundação, é dito que, com os karmas que irão definitivamente amadurecer, não há jeito de purificá-los se não os confessarmos. Então, a menos que os confessemos, eles irão definitivamente amadurecer, como uma morte que devemos pagar. Uma vez que teríamos definitivamente que experenciar o resultado daquele karma, devemos fazer confissão, para pagar tais débitos.


De acordo com o Mahayana, entre o karma que é definitivamente experenciado e o karma que não é definitivamente experenciado, o que é definitivamente experenciado é aquele com o qual nos comprometemos intencionalmente. O karma que não será definitivamente experenciado é aquele que não cometemos intencionalmente. Em outras palavras, uma vez que aquela semente não floresceu muito, então ele não amadurecerá definitivamente em uma experiência.


Mas se fizemos grandes e terríveis ações, então precisamos ter uma confissão muito forte e poderosa para servir como um antídoto. Se realizamos uma grande má ação e temos meramente um pequeno antídoto, então não seremos capazes de purificar aquele obscurecimento. Por exemplo, há uma história do rei que fez a confissão aos buddhas por um éon inteiro e ainda assim acabou no reino do inferno Incessante. Se ele não tivesse feito a confissão, teria passado um tempo ainda mais longo no reino do inferno Incessante, então isto ilustra o poder da confissão – ela reduz o tempo lá.


Em qualquer caso, agora que passamos o portão do dharma, podemos pensar que temos votos puros e mantemos comprometimentos de samaya puros, mas há muitas más ações que continuamente acumulamos. Atisha disse que ele nunca fora maculado por uma falha do Vinaya, apesar de ter tido algumas poucas quedas no voto de Bodhisattva, mas as falhas do Mantra Secreto caíram como chuva. Portanto, muitas falhas ocorrem todo o tempo, mesmo que nós não o saibamos. Se não os confessamos corretamente, cairemos em reinos inferiores. É por isto que más ações são chamadas “falhas”.


Então, mesmo se nós não tivermos falhas, mas apenas infrações menores, se tivermos infrações o suficiente, é o mesmo que cometer uma. E se não confessarmos nossas quedas e infrações todos os dias, então elas nos trarão mau karma. Mesmo se só cometermos pequenas más ações, se não soubermos como confessá-las, elas gradualmente se acumulam e no futuro tornam-se uma grande má ação. Porém, se as confessarmos, mesmo se elas não forem completamente purificadas, serão diminuídas. Então, é dito que, para o sábio, mesmo uma grande má ação é muito leve porque, uma vez que ele sabe como fazer uma confissão, suas más ações não o afetam muito fortemente.


Quando fazemos confissão, precisamos nos apoiar em quatro antídotos. Se não nos apoiarmos nos quatro antídotos quando estivermos confessando, então não seremos capazes de purificar nossas más ações. Os antídotos são: o poder do remorso, o poder da confiança, o poder da ação que vai remediar e o poder da promessa de não repetir as más ações.


O Sutra dos Três Montes foi ensinado pelo próprio Buddha. Antes de Trisong Detsen, o Rei do Tibete, se tornar rei, ele tinha cometido várias más ações. E uma vez que 108 homens sábios disseram que não havia nada melhor do que este sutra para purificar más ações, ele começou a prática de recitá-lo todos os dias. Foi assim que a tradição começou no Tibete.


Na Índia não havia tradição de recitá-lo todos os dias, mas no Tibete há tal tradição. Devido a esta, quando os visitantes da Índia vinham ao Tibete, eles criticavam os tibetanos, dizendo: “Todo mundo no Tibete deve ter más ações muito grandes!”. De qualquer forma, os benefícios de recitar os nomes de cada um dos 35 buddhas e pensar em suas qualidades é descrito no Compêndio das Disciplinas, escrito por Shantideva.


Agora há diferentes maneiras nas quais os 35 buddhas são descritos mas, em todo caso, visualizamos uma flor de lótus no céu em frente a nós. No centro do lótus está Buddha Shakyamuni. Sentados nas pétalas que o cercam estão os outros 34 buddhas. Eles são todos semelhantes ao Buddha em suas qualidades e em seus traços, tais como sentarem-se na postura vajra, serem dourados, usarem os três mantos do dharma e daí em diante. Devemos imaginar isto em frente a nós e então visualizamos que, na presença deles, recitamos os três montes: a confissão, a prosternação e a dedicação. Imaginamos que emanamos muitos corpos diferentes e com grande remorso e vergonha lamentamos nossas falhas em frente deles, como se uma flecha envenenada tivesse atingido nossos corações. Confessamos as más ações que cometemos desta forma.


Para purificarmos nossas más ações, nos refugiamos nestes buddhas. Descrevemos suas qualidades e nos prosternamos para eles. Então, após prosternarmos, seguimos o poder do antídoto. Depois disto, pensamos que nunca cometeremos estas más ações novamente, nem mesmo uma vez. Precisamos desta mente forte de comprometimento que nunca, nunca mais faremos isto novamente. Se fizermos uma confissão autêntica desta forma, então seremos capazes de purificar todas nossas más ações. Então, é necessário pensar de uma forma vasta a respeito disto.

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