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Os Quatro Dharmas de Gampopa

  • midia387
  • há 4 horas
  • 4 min de leitura

12º Drung Goshir Gyaltsab Rinpoche
12º Drung Goshir Gyaltsab Rinpoche


Um ensinamento do 12º Drung Goshir Gyaltsab Rinpoche concedido no dia 08 de maio de 2025 em Palchen Choling, Sikkim, Índia.


De acordo com a tradição Mahayana, por favor, gere a motivação de que você está ouvindo este ensinamento para o benefício de todos os seres sencientes.


Este texto foi composto por Dhakpo Ladje (um médico de Dhakpo, amplamente conhecido como Gampopa). Quando o Buddha ensinou o Sutra do Rei do Samadhi (Samadhiraja Sutra) no Pico do Abutre, na Índia, Gampopa estava presente na forma do bodhisattva conhecido como Chandrapradipa, ou "Luz da Jovem Lua". Ele recebeu ensinamentos diretamente do Buddha, que naquela ocasião profetizou: no futuro, quando os ensinamentos do Buda estiverem em declínio, você beneficiará os seres sencientes ensinando o samadhi mencionado neste sutra. O Buddha também fez aspirações e orações por ele.


Chandrapradipa renasceu como Dhakpo Ladje e girou a Roda do Dharma. Nossa linhagem, conhecida como Kagyu, origina-se daí. Entre os muitos discípulos de Dhakpo Ladje estava o primeiro Karmapa, Düsum Khyenpa.


Há inúmeros ensinamentos dados pelo Buddha, e Dhakpo Lhaje condensou toda a sua essência ao compor esta instrução chamada Os Quatro Dharmas de Gampopa, que também é de fácil compreensão em termos de linguagem.


Recebi a transmissão oral desse texto de Yishin Norbu (Joia que Realiza Todos os Desejos), o 16º Karmapa. Explicar palavra por palavra seria complexo, então abordarei sua essência.



Primeiro Dharma: Que a mente se volte para o Dharma


O primeiro dharma é "que a mente se volte para o Dharma", ou seja, que a nossa mente se alinhe com o Dharma. Em termos gerais, Dharma significa "verdade". A verdade sempre existiu desde tempos sem início. Ela existia mesmo antes do surgimento do Buddha neste mundo, e antes da disseminação do Budismo. No entanto, devido à ignorância dessa verdade, os seres vagueiam pelo samsara. Então o Buddha veio a este mundo e ensinou para nos apresentar essa verdade, dizendo: "Isto é a verdade".


Ao ouvir seus ensinamentos, os seguidores do Buddha puderam compreender a verdade e remover, gradualmente, os obscurecimentos da ignorância. O Buddha ensinou que, em sua verdadeira natureza, o samsara está impregnado de sofrimento. Desde o nascimento até a morte, há sofrimento contínuo — físico, mental, emocional. Sofremos ao nascer, ao crescer, ao adoecer, ao envelhecer e ao morrer.


O problema é que os seres do samsara pensam que o sofrimento é esporádico e que, em geral, são felizes. Isso ocorre por não reconhecermos os diferentes níveis e sutilezas do sofrimento. Crianças pequenas sofrem com as limitações do corpo ainda em desenvolvimento. Adultos enfrentam pressões, responsabilidades, frustrações. E assim por diante. A vida samsárica é marcada por preocupações, perdas e insatisfação.


O Buddha disse que o samsara começa e termina com lágrimas, e é preenchido por esforço incessante entre esses dois pontos. Quando nascemos, choramos, nossa mãe chora, os familiares se preocupam. Ao morrer, choramos, os outros choram. Este é o ciclo do samsara.


Até mesmo ocasiões geralmente consideradas felizes, como casamentos e festas de Ano Novo, trazem sofrimento — seja pelas preocupações, pelos custos, pela exaustão ou pelas tensões sociais. Os vínculos também trazem sofrimento: se amamos muito alguém, sofremos de preocupação e apego; se não há proximidade, sofremos por frustração e raiva.


Mesmo o Buddha, nascido como príncipe em uma família real, abandonou a vida palaciana para buscar o Dharma. Seu pai, o rei Suddhodana, inicialmente o repreendeu por isso. Mas ao receber os ensinamentos, reconheceu a impermanência de todas as glórias mundanas e renunciou ao mundo também.


Devemos contemplar essa impermanência: o corpo está sempre envelhecendo, mesmo que lentamente. A raiz de todo sofrimento são as emoções aflitivas — raiva, apego e ignorância. Todos nós as carregamos, e nelas estão as sementes de renascimentos inferiores.


Mesmo que hoje sejamos humanos, mais afortunados que animais ou seres infernais, ainda carregamos dentro de nós as causas para tais renascimentos — como a raiva, que é semente para o renascimento nos infernos. É como um paciente que parece saudável, mas carrega uma doença grave. Assim também somos nós, com essas sementes ocultas.




Segundo Dharma: Que o Dharma se torne o caminho

O lado positivo é que, mesmo tendo essas sementes negativas, elas não são inerentes — são meras confusões e ilusões, como uma mente temporariamente enlouquecida. E podem ser removidas pela prática do Dharma.


Para isso, começamos tomando refúgio no Buda, no Dharma e na Sangha. Mas, como praticantes Mahayana, precisamos também gerar bodhicitta — a mente de despertar — e praticar não apenas para nós, mas para a libertação de todos os seres.




Terceiro Dharma: Que o caminho dissipe a ilusão

Ao gerar bodhicitta, devemos aplicar as práticas: recitação de mantras, visualizações, meditações, e outras formas de cultivo espiritual. Essas práticas dissipam as aflições mentais, as causas do sofrimento. Com a compreensão de que todos os seres desejam ser felizes como nós, desenvolvemos compaixão e reduzimos a raiva.


Para abandonar o samsara, é necessário abandonar o karma negativo, o que fazemos acumulando virtude — karma positivo. Isso começa pelo entendimento correto das causas do sofrimento e da felicidade, dissipando assim a ignorância.


Existem níveis grosseiros e sutis de delusão. Os mais grosseiros podem ser superados com ensinamentos simples; os mais sutis requerem práticas profundas como shamatha (calma mental) e outras meditações avançadas.




Quarto Dharma: Que a ilusão surja como sabedoria

Por meio da prática, as delusões se transformam em sabedoria. Quando a confusão é dissipada, nossa mente se torna como a mente dos Buddhas. Isso é realmente possível.


As qualidades extraordinárias do Buddha tais como luz radiante, fala impecável, sabedoria ilimitada, surgiram por meio da prática. Quando perguntado se outros também poderiam atingir esse estado, o Buddha respondeu: “Sim, porque somos da mesma natureza. Eu também já estive no samsara, cometi ações negativas e renasci em reinos inferiores. Mas através da prática, despertei. Vocês também podem.”


Em muitos sutras, o Buddha afirma que todos os seres, mesmo os mais inferiores , têm a semente do despertar. Como sementes de flores em um saquinho plástico, que precisam apenas ser plantadas para florescer, todos carregamos o potencial do Grande Despertar.


Agora que estamos ouvindo o Dharma e praticando, é como se essas sementes estivessem sendo plantadas. E, com o tempo, florescerão, não em flores comuns, mas no estado desperto de um Buddha.

 
 
 

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