Fui solicitado para falar sobre renúncia. Renúncia e abandono aparecem com frequência. Uns dos meus velhos amigos costumava me dizer – tínhamos discussões diante da lareira – que o Buddha não era uma pessoa muito boa, porque ele abandonou toda sua família, incluindo seu filho e mulher. Eu tentava falar com ele, mas como vocês sabem, algumas pessoas não conseguem ouvir o que outro está dizendo – apenas ouvem eles mesmos falando através de sua boca. Então, concordamos em discordar, mudamos da lareira para a mesa de jantar e falamos sobre outra coisas, melhor assim. Mas é uma coisa tão simples, eu não compreendo porque as pessoas não entendem – renúncia significa que você renuncia a si mesmo, seu apego a tudo que lhe é mais querido, para o benefício de todos. Isto é renúncia. Abandono é abandonar os outros pela sua satisfação, sua liberdade e seu desejo. Portanto, renúncia e abandono são duas coisas totalmente diferentes – você renuncia a você por eles ou, você renuncia a eles por você. É bem simples de entender, mas tem que ser dito desta forma pra ser compreendido. A renúncia é um dever, temos que renunciar. Caso contrário, sem a renúncia de alguma coisa não chegamos a lugar algum. Por exemplo, se você deseja guardar suas batatas cruas, você nunca terá purê de batata – você tem que renunciar às batatas cruas para obter o purê de batata. Também, se você quer belas rosas na sua mesa de jantar, então,você tem que renunciá-las do seu jardim – cortá-las, tirar os espinhos, colocá-las arrumadas em um vaso e colocá-las sobre sua mesa de jantar. Você não pode tê-las tanto no seu jardim quanto em sua mesa. Renúncia é apenas uma maneira de dizer isto. Abandono é uma maneira de dizer – se você tem um mau hábito, você o abandona. Se possui, vamos dizer, um apego forte por fumar, beber, se drogar ou apostar, você abandona isto, é a coisa certa a se fazer. Aqui você pode usar a palavra abandono . Ao definir isso, espero ter esclarecido o assunto e que vocês tenham agora um entendimento básico do que é renúncia e do que é abandono. Espero também que meu amigo de longa data que ainda está vivo, mas não está aqui, também ouvirá isso – ele ouvirá em seus sonhos ou em algum outro lugar e irá parar de discutir comigo que o Buddha era uma má pessoa. "O príncipe Siddharta era uma má pessoa"! A palavra exata que ele usou foi "irresponsável", vocês acreditam nisso? Irresponsável – Buddha largou seu filho e esposa e na manhã seguinte se foi. Agora, a próxima coisa que você deve saber é : o que é renúncia? Abandono, todos sabemos, mas o que é renúncia? O que nos faz continuar sendo ineficazes, sem mencionar em fazer alguma coisa para outros, mas mesmo ao fazer as coisas para nós mesmos. O que nos tornar ineficazes em tudo isso? São tantas coisas, mas realmente se resume à duas coisas: apego/fixação, e raiva/rejeição. E ambas se resumem a uma coisa, ignorância. Ninguém quer fazer alguma coisa que é ruim para si mesmo, mas todos nós fazemos – não intencionalmente, mas sem saber. Pensamos que estamos fazendo algo bom, mas acabamos fazendo a coisa errada, e isso é ignorância. A ignorância tem vários níveis. Tem uma definição muito simples de ignorância, e uma definição muito profunda, mas a definição básica de ignorância é que nós não podemos prever os resultados de nossas ações, apesar de nossas intenções parecerem corretas. Algumas pessoas dizem que o fim é justificado pelos meios, e outras dizem que os meios justificam o fim. Eu discordo de ambas e concordo com ambas, depende. Dessa forma, a renúncia de qualquer coisa que perpetue nossa ignorância, qualquer coisa que perpetue nossa cobiça, apego e fixação; e qualquer coisa que perpetue nossa raiva, rejeição e medo, nós abandonamos. Nos separamos dessas coisas. Isso é renúncia. No começo, tem um pouco de egoísmo, pois não podemos honestamente dizer que desde o início estamos fazendo tudo por tudo mundo, mais do que fazemos por nós mesmos. Portanto, no início, há um pouco de egoísmo. Isto é onde, no inicio dos ensinamentos do Lorde Buddha sobre as Quatro Nobre Verdades, ele falou sobre a verdade do sofrimento, a causa e condições do sofrimento, a cessação do sofrimento e o caminho para esta cessação. Primeiro temos que ser livres, para poder libertar outros. Por exemplo, se você tentar libertar pessoas cujas mãos e pés estão atados atrás das costas, que estão presos, se você tiver alguma chance, primeiro você tem que livrar suas mãos ou sua boca, para que possa desfazer os nós e então você possa ajudar outros e libertá-los. Da mesma maneira, para libertar outros, temos que ser livres – alguns aspectos de nós tem que ser livre para que possamos liberar outros, usando essa liberdade e habilidade. Dessa forma, estamos trabalhando primeiro em nós mesmos, e é aí que você pode dizer que tem algum egoísmo envolvido para começar. Portanto, você pode dizer que tudo começa na nossa casa, em nós. Não esperamos todo mundo fazer tudo e então fazemos a última coisa, temos que fazer primeiro tudo que pudermos e então ajudamos todo mundo, um por um. Desse ponto de vista, o primeiro passo do primeiro ensinamento do Lorde Buddha é o Theravada, onde você olha para o samsara como uma morada de sofrimento, e você tem que sair da morada de sofrimento. O Samsara é um fosso, uma masmorra, um lugar inconveniente, e você quer sair disso, e então poderá liderar cada um para fora, um por um. Este é, então, o primeiro passo da compreensão, onde a definição de renúncia vem primeiro. Mas, uma vez que tenhamos dado este primeiro passo, então o segundo passo é o passo do Mahayana. O passo do Mahayana não vê o samsara sendo como uma masmorra – o samsara não é um lugar extremamente inconveniente e terrível, mas o samsara é onde o sofrimento começa e continua; o sofrimento não acaba no samsara, o sofrimento continua e é cultivado no samsara. Portanto, no Mahayana, ao invés de renunciar ao samsara, entramos no samsara e sofremos com os outros, nos tornamos exemplos para eles superaram o sofrimento em que se encontram. Nos tornamos, então, um deles. Não nos afastamos disso, mas entramos e nos tornamos um deles e sofremos juntos, superamos nós mesmos o sofrimento de forma que nos tornamos um exemplo. Nos tornamos irrelevantes, não somos apenas venerados, mas percorremos o caminho juntos. Não é o caso do primeiro passo, onde você está fora do samsara e outros te veneram para que eles saiam do samsara. Você só pode-se fazer isso quando se tem certeza de que você não ficará preso no samsara. É um como um médico que está tratando lepra; primeiro ele tem que ser imunizadado para que não se torne um paciente leproso. Então o médico pode ir até uma colônia de leprosos e limpar as feridas de cada paciente, vesti-los e tratá-los. Ele pode também comer com eles, tocá-los e fazer qualquer coisa que necessite ser feita para ajudar cada um. Mas, sem o primeiro passo, que é fortemente enfatizado no aspecto Theeravada do dharma, então é como eu, que não está imunizado e indo à uma colônia de leprosos para tentar ajudá-los. Posso ser capaz de ajudá-los por seis meses, mas em seguida perderei meus dedos, nariz, meus dedos dos pés, etc e então eu precisarei de ajuda. Então, esta é a diferença entre o primeiro e o segundo estágio. Não se pode dizer que o Theravada é menor do que o Mahayana, porque para um primeiro passo, o Theravada é mais importante do que o Mahayana. Se eu for à uma colônia de leprosos e tentar tratá-los, tudo bem, mas eu estou sendo estúpido pois minha eficiência durará por um curto período de tempo – a minha habilidade de ajudar as pessoas será para um número restrito. Em seguida, que tipo de estorvo me tornarei? Ao invés de ajudar a comunidade, serei mais um leproso ao invés de um médico. Dessa maneira, o aspecto Therava da renúncia é mais importante para as pessoas no nível Theravada, e o aspecto Mahayana é mais importante para o nível de pessoas Mahayana; mas não podemos dizer que um é melhor do que o outro. Agora, quando você entra no Mahayana, a renúncia toma uma completa, não é definição diferente, mas uma aplicação prática diferente. No Theravada, renúncia significa que você renuncia ser uma pessoa samsárica tanto fisicamente como mentalmente. Mas no Mahayana. você renuncia ser uma pessoa samsárica mentalmente, mas não fisicamente. Mas mentalmente no Mahayana não significa que você pode ter apego, raiva, ciúme, tudo isso; você deveria ser livre de tudo isso. Quando você está livre de tudo isso, então o que supostamente faz você ficar com ciúmes? O que supostamente te deixa com raiva? O que faz você se apegar? Tudo isso é irrelevante para você! Quando se tornam irrelevantes para você, então não importa estar em um ambiente onde há tudo isso, porque você está imunizado. Por exemplo, se você tem certeza de que não roubará nada, então você pode entrar em uma sala de tesouros sem alguém te vigiando, e sem uma camêra de segurança, por que você sabe que todo mundo sabe que você não tem vontade nenhuma de roubar. Dessa forma, a renúncia no Mahayana significa que você está renunciando tudo que está envolvido com o egoísmo e que você está fazendo tudo pelos outros. Bodhichitta não é uma mera compaixão. A compaixão é uma coisa boa, mas compaixão não é necessariamente a compaixão de um bodhisattva; a compaixão pode ser bem mundana. Por exemplo, se você possui compaixão pelos pobres, então você irritado com os ricos; isso não é a compaixão de um bodhisattva. É compaixão, mas não a compaixão do bodhisattva. Também, ter compaixão pelos iletrados mas ficar enraivecido com os de boa educação, essa não é a compaixão do bodhisattva. Tudo bem, é compaixão, mas não a compaixão do bodhisattava. Da mesmo modo, ter compaixão pelos doentes mas não pelos saudáveis, não é compaixão do bodhisattva. A compaixão do bodhisattva é por tudo, independentemente de serem desfavorecidos, super privilegiados ou apenas ok. O objetivo último da compaixão do bodhisattva é , por todos os seres senciente, atingir a Budeidade, portanto é chamado de bodhichitta. Caso contrário, de onde vem a bodhichitta? Você apenas quer dizer uma pessoa compassiva, um coração compassivo, uma pessoa que tem pena e uma pessoa que não é impiedosa. De qualquer maneira, essa é a definição de renúncia no Mahayana. Em seguida, a renúncia no Vajrayana tem um significado diferente. Mas antes de falar sobre isso, quero deixar bem claro que, obviamente eu sou um praticante Vajrayana, mas eu sou 100% um praticante Vajrayana? Claro que não. Sou um praticante Vajrayana que também pratica o Mahayana como também o Theravada, juntos. Se eu fosse 100% um praticante Vajrayana, então eu teria que viver como Tilopa, Naropa, Maitripa, etc, e não usando estes mantos. Portanto, eu sou Therava, sou Mahayana e sou Vajrayana. Não sou 100% Vajrayana, nem 100% Therava e nem 100% um bodhisattva Mahayana; mas tudo misturado, assim é o Budismo Vajrayana do Tibete. Se você não entendeu isso, darei um exemplo muito simples. Quando Naropa estava pronto para praticar o tantra, era muito difícil para ele deixar seus deveres muito honrosos e veneráveis de monge. O que ele fez então? Jogou um texto de Prajnaparamita de oito mil slokas no rio, para que todo mundo dissesse que ele era realmente um péssimo monge e o expulssasse do monasterio. Que coisa horrível! Eu fui até o rio Ganges, e todos estavam empolgados – no frio congelante, centenas de milhares de pessoas estavam mergulhando, no qual a maioria da pessoas não ousariam nem colocar a mão. Eles mergulham de corpo inteiro e até bebem a água, portanto, qual é a diferença entre um altar e o rio? Então, no nível de Naropa, qual é a diferença entre um rio e um altar? Para ele, no nível dele, talvez o rio seja mais limpo do que o altar, talvez melhor do que o altar. Mas é claro que eu e você não podemos fazer isto. Não podemos jogar nem mesmo uma página do dharma sagrado em um rio. Temos que colocar textos do dharma em altares e enrolá-los com muitos belos tecidos, um sobre o outro. Se podemos pagar, devíamos cobri-los com diamantes, rubis, safiras e esmeraldas, entrelaçados com fios de ouro e prata , da maneira mais bela possível. Colocamos isso por baixo e por cima um para sol, e talvez até um trono por debaixo. Este é o nosso nível, certo? Mas para Naropa, em seu nível, não existe diferença entre uma esmeralda e um pedaço de pedra. Portanto, ele conseguiu praticar o Vajrayana, tantra, inteiramente. Eu não sei você, mas eu não estou pronto para isso, não estou nesse nível. Portanto, fico muito feliz em estar neste maravilhoso casulo sagrado do Mahayana e Therava, e ser capaz de praticar o Vajrayana, tantra, da maneira mais segura e garantida – eu não corro riscos, não sou um jogador. Dessa forma então, entedemos a definição do verdadeiro tantra e verdadeiro Vajrayana. No Vajrayana verdadeiro existe apenas uma coisa que é crucial, e isto é o samaya – você tem que agir baseado no samaya. Você renuncia tudo pelo samaya; você mantém o samaya. Para manter o samaya, renunicie tudo. O quanto temos que renunciar? Não tem número, temos que renunciar a tudo. Todo mundo é uma divindade, tudo é a mandala, cada som é o mantra, cada pensamento é sabedoria, samadhi, e você tem que manter este samaya. Eu não consigo. Por exemplo, eu gosto de água mineral, mas não consigo beber a água do Ganges de hoje, mas no samaya tântrico puro, podemos fazer isso. Na minha mente o Buddha está lá em cima e eu aqui embaixo e os outros seres sencientes bem mais baixo – alguns estão acima de mim, outros abaixo, e outros no mesmo nível. Mas no puro tantra você não pode fazer isso, todos são o mesmo. Mas, ao menos que você tenha realmente atingido este nível, você não consegue compreendê-lo. Mesmo que você tente fingir que entende, eu garanto você, a primeira coisa que acontecerá é que você acabará atrás das grades! No budismo tibetano ouvimos muito sobre milagres. Mas, as vezes, as pessoas não querem falar sobre milagres. Eu entendo porque não querem falar sobre milagres, mas eu quero falar sobre isso. Por quê? Porque , para praticar o tantra, verdadeiramente, como um genuíno praticante do Vajrayana, você tem que ter milagres. Por exemplo, se você é um verdadeiro praticante tântrico, ninguém pode te colocar atrás das grades – elas não existem para você. Se pessoas o colocarem lá dentro, atrás das grades, você aparecerá em todos os lugares. Se pessoas forem para a América, você estará lá, se eas forem para a Rússia, você estará lá, se forem ao Sri Lanka, você estará lá, se forem até à lua, você estará lá, e se forem até Marte, você estará lá. Você está em todos os lugares. Portanto, você tem que ter esse tipo de nível de libertação para poder praticar esse nível de tantra. Dessa maneira, a renúncia no tantra é renúncia à qualquer coisa que é dualistica – dualismo, o eu, outros, limitaçãos, tudo tem que ser renunciado. De fato, o único meio de renunciá-los é estar livre deles. Então para você terra, ar, fogo, água, espaço, todos serão iguais. Por isso falamos de Milarepa voando no céu e os milagres dos três Khampas. Os três Khampas – o primeiro Karmapa Dusum Khyenpa, Phagmo Drupa e Saltong Shogom – mesmo antes de terem encontrado Gampopa para receber as transmissões, eles tinham feito muitos milagres. Os três vieram de lugares diferentes e se encontraram em um único lugar. Eles tentaram fazer chá, mas não tinham um recipiente, tinham somente a rede. Então, um dele disse "ok, vou trazer a água", e foi até o rio e pegou a água com a rede. Eles não tinham nenhuma corda para ajuntar os galhos, então, um deles disse "vou fazer os galhos andarem", e fez os galhos andarem até o fogo. No Tibete, não temos fósforo mas temos ferro, pedra e flores, portanto com estas três coisas fazemos fogo. Cada pessoa tem uma bolsa com metal no fundo, e dentro da bolsa há uma pequena pedra e um punhado de flores secas. São flores especiais, a chamamos de tawa, e fazemos fogo cpm isso. Mas, estes três Khampas, não tinham nenhuma destas coisas. Também cada pessoa tem em seus alforjes uma espécie de mangueira que quando você pressiona solta ar; então um pequeno fogo torna-se um grande fogo. Mas os três Khampas também não tinham isto. Um deles disse então, "ok, eu vou fazer o fogo", e ele colocou seus dedos para fora e de seus dedos veio um ar que fez o fogo crescer. Então, os três Khampas ferveram seu chá dentro de uma rede. Portanto, mesmo antes de encontrarem Gampopa, eles eram capazes de fazer isso. Isso é sério. Um milagre é a prova de que alguém é um praticante tântrico. Claro que alguém pode fingir de uma forma ou de outra. Acho que vocês entendem o que quero dizer. Mas , se estão fingindo de tal forma e não demonstram nenhum milgare, significa que não há milagre. Vocês podem me testar facilmente se sou 100% um praticante tântrico ou não. Por exemplo, quando saio desta sala, como volto para casa? Eu pulo no meu jeep e alguém dirige até eu chegar lá. Isto significa que não capaz de realizar um milagre. Caso contrário, eu estaria sentado aqui e então desapareceria. Isso significa que eu seria um verdadeiro praticante tântrico. Mas, enquanto não puder fazer isto, eu não finjo ser desta maneira ou daquela. Portanto, não sou qualificado a dizer que sou 100% um praticante tântrico como Tilopa, Naropa, Marpa ou Milarepa. Mas sou seu seguidor, é claro. Agora você pode ver a definição de renúncia no Therava, Mahayana e no tantra-Vajrayana. A renúncia tem diferentes significados e diferentes profundidades e níveis, e eu posso garantir, prometo a você, que quando eu puder fazer milagres, então eu mostrarei a vocês. E então quando me convidarem para a Europa, América ou qualquer outro lugar, não disperdiçarei seu dinheiro ao comprar uma passagem de avião. Vou simplesmente aparecer lá. Vocês apenas ajeitam meu trono e então ali estou! Isso significará que eu sou um verdadeiro 100% praticante tântrico, não Mahayana ou Theravada, mas um praticante tântrico puro. Até lá eu sou os três em um, praticando todos os três em um. O budismo tibetano tem um termo para isso, sumden dorje zinpa. Sum significa três; den é possuir, portanto, possuindo os três; e dorje significa vajra, zinpa significa que você detém a linhagem Vajarayna praticando as três juntas. Você segue o Theravada para que tenha disciplina básica e não caia no samsara. Você tem uma disciplina básica como um monge, monja ou como um upasaka – pessoas laicas também tomam votos e os chamamos de upasaka. Existem todos os tipos de níveis, um upasaka completo ou apenas um, dois ou três votos. Então tomamos os votos de bodhisattva para que cuidemos de nossa motivação e não nos libertemos apenas para nós mesmos, queremos ser livres por todos. Então também, tomamos as iniciações tântricas Vajarayana, enpoderamentos e transmissões para que não olhemos para os seres sencientes como se fossem seres sencientes para sempre – seres sencientes são Buddha desde o inicio. A essência, natureza primordial e o potencial de cada ser senciente é Buddha, portanto devíamos ser capazes de respeitá-los desta forma. Portanto todos os três juntos, então temos muitos mantras, muitos rituais, muitas meditações e todos eles são tântrico, mas não os fazemos como 100% tantra. Por exemplo, fazemos oferendas consagradas de bolos e consagramos néctar – colocamos um pequeno copo de whiskey e adicionamos um pouco de suco, alguma substância de benção e todos mundo bebe uma gota. É assim que praticamos tantra. As vezes até trocamos isso por leite, ou tomamos só suco, mas isso eu sinto que está indo um pouco longe demais. Deveria haver uma ou duas gotas da coisa de verdade (álcool) ali – a coisa imprópria – para que haja algo a ser transformado. O leite é maravilhoso, mas ao mesmo tempo, cientificamente falando, o leite é sangue branco – as glândulas o deixa branco, mas é o mesmo material. De qualquer maneira, existem vários níveis de renúncia e vários níveis de abandono, mas em nível absoluto não existe diferença. Em nível absoluto não há diferença entre bom e mal. Existe alguma diferença entre um lado da minha mão e outro? Em nível útlimo, não. Mas relativamente, entre um lado da minha mão e o outro lado, existe uma grande diferença. Por exemplo, você pode não ligar muito se o dorso da minha mão está limpo ou não, mas definitivamente você quer que o lado da palma da minha mão esteja bem limpo caso eu te dê comida! Portanto, bom e mal, renúncia e bandono, positivo e negativo, virtude e não-virtude, em nível absoluto não existe diferença, mas em nível relativo existe uma grande diferença. Portanto, relativamente as diferenças existem, mas sabendo que no absoluto não existem diferenças, nós não nos agarramos a estas diferenças de maneira neurótica. Observamos e seguimos então, boa conduta e bons modos, e seguimos isso fazendo nosso melhor. É assim que podemos nos relacionar com a renúncia e o abandono, com o bom e o mal. Agora, espero que quanto a este assunto, que parece ser bem complicado para muitas pessoas, eu tenha conseguido clarificar alguma coisa.
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