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O Sutra e o Tantra


Vajradhara

A Melodia de Brahma: A diferença entre o Sutra e o Tantra e a prática do Tantra em geral

A invocação no começo do capítulo diz, NAMO GURU VAJRAPANIYE, significa que é dedicado a Vajrapani. Karma Tchagme Rinpotche inicia, " Lama Tsondru Gyamtso, ouça com atenção, para ficar em retiro e praticar você deve saber a diferença entre o sutra e o tantra.

Ficar em retiro não é somente viver em um lugar ermo ou estando isolado. Mas é fazer uso dessa situação para praticar. Para praticar, você precisa saber ao menos um pouco sobre o que você está praticando; você deve saber a diferença básica entre o sutra e o tantra.

O tantra é superior ao sutra de três maneiras. Ainda que pudéssemos dizer que o tantra é superior ao sutra em incontáveis maneiras, eles podem ser resumidos em três aspectos: o tantra tem muitos métodos, ele não precisa do tempo e da dificuldade do caminho do sutra, e ele é direcionado para aqueles de faculdades mais elevadas.

O primeiro de que o tantra tem muitos métodos, se refere ao propósito fundamental da prática do Dharma, que é domar a mente e domar os venenos mentais. Na tradição dos sutras, a única maneira de domar os venenos mentais do apego, aversão e apatia é abandonando-os. De acordo com os sutras não há outro modo para lidar com eles, portanto não há como obter o despertar sem abandoná-los completamente e desse modo erradicando as aflições mentais.

No tantra há diferentes meios de lidar ou erradicar os venenos mentais.


O primeiro método é o mesmo, que é o abandono dos venenos mentais. Juntamente a isso há os meios para purificá-los, meios para transformá-los em sabedoria, meios para usá-los no caminho e meios para reconhecer sua natureza básica como sendo sabedoria. Assim o tantra é superior porque ele emprega muitos métodos pelos quais o despertar pode ser obtido.

A segunda superioridade do tantra é o período de tempo do caminho. O caminho dos sutras demora, pelo menos, três períodos de inumeráveis éons- inumeráveis significa dez elevado a sexta potência - e por esse período o caminho é muito, muito difícil. No caminho dos sutras, que consiste na prática das seis perfeições, o indivíduo tem que se engajar na mais perfeita e intensa prática de cada uma delas. Quando praticando a perfeição da generosidade um bodhisattva treinando no caminho dos sutras deve dar repetidamente coisas tais como sua própria cabeça, assim como também como tudo de valor para ele incluindo sua família. Isso precisa ser feito milhares e milhares de vezes através desses éons.

Os bodhisattvas têm que cultivar uma tal paciência que, mesmo se um inimigo cortar seus corpos em pequeninos pedaços e pesar cada um deles em uma balança eles não ficam nem um pouquinho irritados ou impacientes. Um bodhisattva tem que cultivar um grau de samadhi ou absorção meditativa tão profundo e inabalável que ele possa permanecer nesse estado por dez mil anos sem um pensamento surgir. Este processo de ajuntar as acumulações de mérito e sabedoria deve continuar por esses três períodos de éons inumeráveis. De acordo com os sutras não tem uma maneira simples de obter a budeidade sem esse longo período do caminho. Comparativamente, de acordo com os tantras, a budeidade pode ser realizada em um período muito mais curto devido ao caminho não ter que ser tão longo e não envolver uma tal austeridade dramática.

A razão disso é que o caminho do sutra é para aqueles de faculdades comuns e que, sem um longo período de éons inumeráveis devotado simplesmente ao ajuntar as acumulações de mérito e a purificação de obscurecimentos, os de faculdades comuns não podem realizar a vacuidade. Até que a vacuidade seja realizada diretamente não se obtém o primeiro nível de bodhisattva, portanto no caminho dos sutras, devido a ele ser direcionado a indivíduos comuns, o primeiro período de éons inumeráveis é dedicado inteiramente ao ajuntamento de acumulações de forma que um indivíduo possa reconhecer diretamente a vacuidade e atingir o primeiro nível de bodhisattva.

Em comparação, empregando os métodos do tantra, essa mesma realização pode ser obtida em uma vida. Isso vai depender de grande diligência e samaya puro. O indivíduo teria que praticar como Djetsun Milarepa. Pelo seu exemplo nós sabemos que isso pode ser feito. De fato, ele obteve não apenas o primeiro nível de bodhisattva, mas o despertar completo em uma só vida. De acordo com o tantra, dependendo das faculdades da pessoa, isso pode ser alcançado em doze anos, três anos e três meses ou, em casos extremamente raros e afortunados, em um só período de instrução, na qual o estudante é de uma capacidade muito elevada e o mestre é da mais elevada habilidade e realização. Em tal caso, a vacuidade pode ser realizada em uma sessão. Desse modo, o tantra é superior porque emprega vários métodos, não envolve um caminho longo e árduo, e é adereçado aqueles da mais elevada capacidade.


O tantra, ou mantra secreto, em sua base escritural consiste em textos que são chamados de tantras. Eles não tem limite, portanto, não há número que possamos apontar como sendo o limite e depois dizer que não há mais tantras; no entanto, eles podem ser subdivididos. Na Sarma ou nova tradição, eles são geralmente divididos em quatro — o tantra kriya ou tantra de ação, tantra charya ou tantra de comportamento, tantra yoga e tantra yoga anuttara ou tantra yoga superior. Na tradição Nyingma,

eles são geralmente divididos em seis: yoga kriya, yoga upa, yoga, yoga maha, yoga anu e yoga ati . Em ambos os casos, a divisão quádrupla é a principal.


A razão para todos os tantras serem classificados em uma das quatro categorias é que cada categoria tem uma correspondência com o mundo humano. A primeira é que, uma vez que o tantra se preocupa com a maneira hábil e poderosa de erradicar a aflição mental, a classificação dos tantras é baseada em quão vigorosamente ele erradica a aflição mental e em que grau de aflição mental sua prática pode erradicar. Se usarmos o desejo como exemplo, tantra kriya faz uso e erradica o desejo de olhar, tantra charya de sorrir e gargalhar, tantra yoga de dar as mãos e tantra yoga anuttara de união sexual.

O tantra ou o mantra secreto, na base da sua escritura consiste em textos que são chamados tantras. Não há um limite para eles assim não há um número que nós podemos apontar como o limite superior e então dizer que não exista mais tantras acima desse limite, porém, eles podem ser subdivididos. Na Sarma ou tradição nova, eles geralmente são divididos em quatro - o tantra Kriya ou tanta da ação, o tantra Charya ou tantra da conduta, o tantra Yoga e o tantra Yoga Anuttara ou tantra Yoga mais superior. Na tradição Nyingma, eles geralmente são divididos em seis: Yoga Kriya, Yoga Upa, Yoga, Yoga Maha, Yoga Anu e Yoga Ati. Em ambos os casos, a divisão em quatro tipos é a principal. A razão de tantras serem classificados em uma das quatro categorias, é que cada categoria tem uma correspondência com o mundo humano. A primeira é que, desde que o tantra está relacionado com a maneira habilidosa e poderosa para erradicar o veneno mental, a classificação dos tantras é baseada em como poderosamente ele erradica o veneno mental e qual o nível de veneno mental que sua prática pode erradicar. Se usarmos o desejo como um exemplo, o tantra Kriya faz uso e erradica o desejo do olhar, o tantra Charya do sorrir e rir, o tantra Yoga de dar as mãos e o tantra Yoga Anuttara da união sexual.

Os quatros tantras correspondem as quatro castas, que de uma forma ou outra surge em muitas das sociedades humanas. O tantra Kriya corresponde as necessidades, a perspectiva social e a psicologia dos brâmanes; o tantra Charya com aqueles de menor nobreza ou comuns; o tantra Yoga corresponde àqueles da realeza; e o tantra Yoga Anuttara com àqueles das castas mais baixas ou párias. Poderíamos dizer que os tantras foram apresentados em quatro tipos para lidar com os quatro níveis de apegos e com as quatro disposições baseado em posição e perspectiva social.

Os quatro tantras correspondem aos quatro períodos na história humana. O tantra Kriya corresponde e é ideal para praticar na era dourada ou era perfeita, o tantra Charya para a segunda e a menor era, o tantra Yoga para a terceira era, que não é uma época muito boa e o Yoga Anuttara para era de decadência ou de degenerescência. Em suma, cada um dos quatro tantras é mais profundo e poderoso que o precedente.

Os quatro níveis de tantra podem ser divididos em dois, na qual os tantras Kriya, Charya e Yoga são chamados tantras externos e o Yoga Anuttara é chamado de tantra interno.

A característica dos tantras externos, a razão de porque eles são assim chamados, é que as divindades são concebidas como fundamentalmente externas ao praticante e como habitando ou vivendo em um reino puro que está em outro lugar, em algum quadrante específico do universo. Isso é de importância principal na prática de todos os tantras externos convidar a divindade de algum outro lugar, venerar a divindade e requisitar o conceder de siddhi. O tantra interno, o tantra Yoga Anuttara, é dividido em três níveis tanto da tradição Sarma como na tradição Nyingma. Na tradição Sarma ele é chamado tantra Pai, tantra Mãe e tantra Não Dual. Na tradição Nyingma os tantras supremos são chamados Yoga Maha, que significa grande yoga; Yoga Anu, que significa yoga subsequente ou seguinte; e Yoga Ati, que significa yoga supremo. De acordo com o mestre de Karma Tchagme Rinpotche, o grande mestre de Tchokyi Wangtchug, os termos usados nessas duas respectivas tradições são sinônimos. Tantra Pai ou Yoga Maha se referem a mesma coisa assim como o tantra Mãe e Yoga Anu se referem para a mesma coisa e tantra Não Dual e Yoga Ati também se referem a mesma coisa. O ponto básico desses três níveis é igual, mesmo que eles tenham linhagens distintas e estilos litúrgicos distintos.

O formato característico dos tantras internos, o tantra Yoga Anuttara com suas três subdivisões, é que o Yidam, a divindade, não é vista como externa ao praticante. Ela é vista como a incorporação da própria mente do praticante. Portanto, esses três níveis de tantras são chamados de tantras internos devido à divindade ser compreendida como interna.

Há quatro mil tantras Kriya, seis mil tantras Charya, oito mil tantras Yoga e inumeráveis tantras Anuttara. Todos os ensinamentos do Buddha, nos quais o tantra é baseado e os próprios tantras, são chamado Vidyadhara Pitaka "O Cesto dos Detentores da Lucidez", ou o quarto cesto. Do ponto de vista do vajrayana, os ensinamentos do Tripitaka- o vinaya, os sutras e o abhidharma- são meramente uma preparação para levar o indivíduo até um nível onde ele pode praticar o tantra. Da classificação das escrituras do vajrayana o Tripitaka é considerado o séquito do Vidyadhara Pitaka, que é a escritura principal.

Você pode ter ouvido que foi dito que os ensinamentos do tantra ou mantra secreto estão somente presentes no ensinamento deste Buddha em particular, Buddha Shakyamuni, o quarto de mil mestres deste kalpa afortunado, e que os ensinamentos do mantra secreto não surgirão durante os ensinamentos do Buddha do futuro e não surgiram durante os ensinamentos do Buddha do passado. Isso não significa literalmente que não houve vajrayana no passado ou que não haverá vajrayana no futuro. Mas significa que ele não será difundido. Durante os períodos de ensinamentos dos buddhas futuros, o Afortunado receberá ensinamentos vajrayana como um segredo, uma transmissão oral ele não será conhecido publicamente, consequentemente, não haverá o fenômeno que temos em nosso mundo hoje onde muitas pessoas ouviram o mantra secreto e onde o vajrayana é uma tradição reconhecida e publicamente conhecida dentro do budismo isso é o que não acontecerá de novo.

Os ensinamentos do sutra e os ensinamentos do Tripitaka foram ensinados pelo Buddha Shakyamuni, o nirmanakaya Buddha Shakyamuni. Nós agora falaremos de três tipos de mestres. Isso não significa três buddhas diferentes. Isso significa como o Budha se manifestou para ensinar os diferentes veículos ou etapas da doutrina.

Os ensinamentos do sutra são chamados de ensinamentos nirmanakaya porque eles são ensinados pelo Buddha na sua forma nirmanakaya como Buddha Skakyamuni. É dito que os ensinamentos do sutra perdurarão por um período de cinco mil anos desde da época que o Buddha os ensinou. Dentre desses cinco mil anos está predito dez períodos distintos na degradação da doutrina.

Eles são os seguintes. Pelo primeiro período de quinhentos anos após o paranirvana do Buddha, enquanto nem todos que entraram no portão do Dharma assim o fizeram, era muito comum para pessoas obterem eficientemente o estado de um Arhat ou destruidor do inimigo.


Pelo segundo período de quinhentos anos após o paranirvana do Buddha, era menos comum às pessoas obterem esse estado eficientemente, mas era muito comum para elas obterem o estado de Arhat que entrou no fluxo.

Nesse contexto entrar no fluxo significa alguém que no fim obterá o estado de um Arhat.


Pelo o terceiro período de quinhentos anos após o paranirvana do Buddha para os praticantes obterem o resultado de não retornar, um não retornar é alguém que não vai obter o estado de Arhat nessa vida mas obterá no bardo.


Pelo o quarto período de quinhentos anos após o paranirvana do Buddha era muito comum para as pessoas obterem o estado de não retorno que entrou no fluxo, que significa que eles em algum ponto em sua vida obterão um tal estado em que em algum ponto no bardo eles obterão o estado de um Arhat.

Durante o quinto período de quinhentos anos após os paranirvana do Buddha era comum para as pessoas obterem o estado de retornar uma só vez. Retornar um só vez é alguém que em sua próxima vida seguinte obterá o estado de um Arhat.


No sexto período de quinhentos anos após o paranirvana do Buddha era comum para os seres obterem o estado de retornar uma vez que entrou no fluxo, que significa nesta vida eles provavelmente obterão o estado de retornar uma só vez, portanto na próxima vida aquela de um Arhat. Em cada um dos seis períodos de quinhentos anos imediatamente após o paranirvana do Buddha, a maioria dos praticantes alcançaram esses estados. Todos os seis períodos são chamados de " os períodos da fruição e de realização".


Os próximos mil e quinhentos anos - três períodos de quinhentos anos- são chamados de "O período da tradição". A ênfase está no estudo e manutenção da tradição já que não há muita realização da fruição, embora não seja desconhecido que as pessoas atinjam o estado de Arhat.

Os primeiros quinhentos anos, que é o sétimo período de quinhentos anos após o paranirvana do Buddha é o período do florescimento do Abidharma como tradição. Os sutras são a tradição do próximo período de quinhentos anos que é o oitavo e o Vinaya é a tradição do nono período de quinhentos anos. Durante estes últimos três períodos, enquanto ainda haverá explicação extensiva e apropriada dos ensinamentos do Buddha, pouquíssimas pessoas obterão o estado de Arhat. Devido a isso que se tem o nome do período da tradição em vez do período da fruição.

O tempo de um mero sinal da doutrina é o último período de quinhentos anos até o fim dos cinco mil anos. Durante esse tempo pessoas vão vestir roupas monásticas e ter a aparência de praticantes, mas haverá muito pouca prática ou explicação, muito menos fruição. Ainda que os ensinamentos do Buddha terão se passado, as imagens da doutrina - as estupas, as estátuas e livros- permanecerão até a presente diminuição do tempo de vida humana começar e até voltar a aumentar chegando a seiscentos anos.

Os períodos de quinhentos anos podem não durar exatamente quinhentos anos porque circunstâncias podem aumentá-los ou diminuí-los. A certa confusão a respeito disso. Por exemplo, tem sido dito por certas pessoas que o Buddha disse que a criação de uma ordem de monjas encurtaria a duração da doutrina de Buddha. O que o Buddha quis dizer que com ambos homens e mulheres praticando, tem mais pessoas praticando. Com mais pessoas praticando fará que mais pessoas obtenham o resultado que já estava carmicamente certo para eles, o qual encurtaria o período. Não é que poucas pessoas seriam beneficiadas. Apenas faria que tudo isso acontecesse mais rapidamente, portanto a despeito das predições ou profecias, há muitas razões do porquê nós não podemos ter a certeza de que cada um desses períodos seja um período estrito de quinhentos anos de história.

Existe alguma discordância entre os eruditos a respeito da divisão dos dez períodos de quinhentos anos. Karma Tchagme Rinpotche disse, " Se você junta as profecias de Guru Rinpoche que vieram de sua sabedoria, as do rei Songtsen Gampo e os textos dentro da tradição Sakya e tenta entendê-los eu penso que agora nós estamos no meio do nono período de quinhentos anos". Isso significa que trezentos anos atrás nós estávamos no meio do segundo para o último período de quinhentos anos, durante o qual foi principalmente a propagação do Vinaya.

Os ensinamentos desaparecerão após os quinhentos terem passado. Mesmo antes disso, quando tivermos alcançado o nono período- que de acordo com Tchagme Rinpotche nós chegamos lá pelo meio do século XVII- o período de fruição se foi com a consequência que mesmo que as pessoas pratiquem o Dharma, muito poucas de fato atingirão o resultado, que neste contexto dos sutras é o estado de Arhat. Você poderia dizer, " Bem, por que nós deveríamos então nos preocupar em praticar? Que sentido faria se nós não vamos obter o resultado?".

De um modo mais simples, podemos dividir o período remanescente dos ensinamentos de qualquer Buddha em dois períodos- o período de transição e/ou causal. O período de fruição ou resultado é quando aqueles envolvidos no corrente ensinamento do Buddha adentram inicialmente o portão do Dharma durante o ensinamento do Buddha anterior. Eles estão prontos para despertar. Por exemplo, aqueles que atingiram o despertar tão rapidamente durante e logo após a vida do Buddha começaram a praticar com o Buddha anterior Maha Kashyapa, portanto sob os ensinamentos do Buddha Shakyiamuni eles atingiram o despertar rapidamente. A segunda metade da duração de quaisquer ensinamentos de um Buddha é chamado período causal porque muitos daqueles que se envolvem com os ensinamentos nesse ponto estão adentrado recentemente o portão do Dharma, o qual eles adentram sob esse particular ensinamento de Buddha. Aqueles que estão praticando agora estão, na maior parte, apenas começando sob o ensinamento do Buddha Shakyamuni. Eles obterão o despertar durante o período dos ensinamentos do Buddha Maitreya.

As profecias nos tantras com relação a duração da doutrina tendem a ser que a doutrina durará muito mais. Por exemplo, no tantra chamado Facas Curvas Empilhadas diz que haverá vários períodos de quinhentos anos da doutrina do corpo, da fala, da mente e qualidades perfazendo um total de nove, então mais quatro correspondendo as quatro atividades conectadas com as práticas do dharmapalas. O Tantra Kalachacra em particular afirma que a duração da doutrina durará muitos milhares de anos. Nos tantras da Grande Perfeição ou Dzogtchen, indica que pelo menos a doutrina Dzogtchen durará ainda mais tempo. Se diz que o período quando da duração da vida humana tiver diminuído de cem anos da época do Buddha até sessenta anos, e então continuar a diminuir até chegar a média mais curta de tempo de vida, que são dez anos, que essa será a época da doutrina da mente de Samantabhadra ou o Dharmakaya. Portanto, diz-se que praticando o Dzogtchen durante aquele período trará a liberação mais facilmente. A duração dos ensinamentos de Terma ou tesouro é dito ser extremamente longo porque para cada ciclo de tesouro que desaparece, ou não é mais praticado, um novo surge para substituí-lo. Um ensinamento de um novo terton surgirá quando os ensinamentos do terton anterior diminuir. De acordo com a Terma é profetizado que mesmo que o Buddhadharma se torne desconhecido no mundo, e mesmo se o termo budismo não seja mais conhecido, ainda haverá prática isolada dos ensinamentos terma de Guru Rinpotche em vários lugares, até o surgimento de Maitreya. Em outras palavras não haverá período antes da vinda de Maitreya em que esses ensinamentos terão desaparecido.

Os ensinamentos dos sutras são os ensinamentos Nirmanakaya. Do mesmo modo, os ensinamentos dos primeiros três tantras, o tantra externo ou inferior: os tantras Kriya, Charya e Yoga são os ensinamentos do Sambhogakaya porque eles foram ensinados pelo Buddha na forma de Maha Vairochana, o grande Buddha Sambhogakaya. Do mesmo modo, outros ensinamentos dos tantras internos ou elevados, os tantras Maha, Anu e Yoga Ati ou Pai, Mãe e Não Dual, são os ensinamentos do Dharmakaya Samantabhadra. Cada um desses três ensinamentos, ou Dharma Nirmanakaya, Dharma Sambhogakaya e o Dharma Dharmakaya durarão um diferente período de tempo, com o Dharma Dharmakaya superando os outros dois.

Nesse ponto o Karma Tchagme Rinpotche diz, "Ainda que isso possa ser difícil para muitas pessoas ouvirem- significando que as pessoas estão fixadas na profecia de cinco mil anos dos sutras- se você estudar extensivamente os tantras novos e antigos e os comentários oficiais deles, você entendê-los-á claramente. Isso completa a primeira parte dessa sessão, que é uma breve explicação da diferença entre o sutra e o tantra. Tchagme Rinpotche finaliza a sessão dizendo, " Isto foi dito por Raga Asya apenas como ocorreu a mim".

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